Sebrae incentiva tecnologia digital para promoção dos destinos
[Jornal do Comércio, 20/11/2017]
A inovação tecnológica no turismo tem sido cada dia mais significativa para a competitividade dos destinos que se propõem a atrair visitantes; e, assim, movimentar a economia, com vendas em hotelaria, gastronomia, centros culturais e comércio locais. Tendência principalmente em países da Europa, o uso da tecnologia digital para a promoção dos destinos turísticos tem sido incentivado pelo Sebrae através de projeto que, desde o início do ano, contempla 19 estados de todas as regiões do País. A proposta é estimular ideias e soluções que facilitem a interação e integração dos visitantes antes, durante e depois da viagem, incrementando a qualidade de sua experiência com o destino, explica a gerente adjunta da Unidade de Atendimento Setorial Comércio e Serviços do Sebrae, Graziele Vilela. “Até o final de 2018, o Sebrae vai investir R$ 32 milhões em 53 projetos na área de Turismo Inteligente”, calcula a gestora.
As propostas atendem às demandas dos estados interessados e já estão em execução, em forma de ações de apoio, cursos, consultorias, soluções tecnológicas e visitas de técnicas a pequenas empresas. “Se a empresa precisa de um novo site, o Sebrae entra com subsídio para que seja providenciado, assim como para outros pontos de melhorias identificados nos projetos”, explica Graziele. Ainda que voltado justamente para fomentar pequenos negócios, o Sebrae também busca levar a discussão ao poder público. “As prefeituras são convidadas para acompanhar o planejamento e os resultados alcançados através da demanda das empresas”, explica Graziele, destacando que, neste caso, é mais “no sentido de estabelecer parcerias”, uma vez que ambas as esferas são importantes para que ocorra governança. Conforme a coordenadora dos Projetos de Turismo do Sebrae-RS, Amanda Paim, criar um ambiente de turismo inteligente é mais que investir em sites das empresas e destinos, e manter as informações atualizadas. “Tem que ter liderança, com atores locais envolvidos (iniciativa privada e pública) como protagonistas dos projetos, e maturidade para tomar as decisões juntos”, observa.
A governança fortalecida é uma forma de não se desmobilizar após o final da consultoria do Sebrae, explica Amanda. “É um dos pilares dos destinos inteligentes”, define a gestora de Projetos de Turismo da regional gaúcha da entidade. Oferecer Wi-Fi gratuito, por exemplo, ajuda a pesquisa para os turistas. “É o elemento estrutural mais relevante”, afirma Graziele. Apesar de o Rio Grande do Sul não estar inserido no grupo de estados que vêm sendo subsidiados com os recursos do Sebrae nacional, com foco no investimento em plataformas e aplicativos para pesquisa de localidades, preços e compartilhamento de informações, Amanda garante que este é um dos pilares do que vem sendo desenvolvido pelo Sebrae-RS junto a pequenas empresas voltadas para o turismo no Estado. Fazer a venda e manter a comunicação com informação atualizada em sites e fanpages são das ferramentas competitivas para atrair turistas, destaca a gerente adjunta da Unidade de Atendimento Setorial Comércio e Serviços do Sebrae. “Em cima disso, fica mais fácil trabalhar a promoção”, concorda Amanda Paim. “Trabalhamos muito forte a questão do relacionamento e do marketing digital, e algumas regiões conseguem trazer diferenciais de tecnologia, como Pelotas e Bento Gonçalves”, observa Amanda. “O nosso site foi modificado com o projeto do Sebrae, e iremos fazer outra mudança novamente, desta vez incluindo as redes sociais, como o Instagram e o Facebook”, comenta a proprietária do Hotel Bangalôs da Serra, Marilu Ana Kern. Situada em Gramado, a hospedagem possui 48 apartamentos e está localizada em meio a uma exuberante natureza.
Para melhorar as vendas, há três anos, Marilu aderiu à consultoria do Sebrae-RS. “Muitas vezes, não nos damos conta, no dia a dia, de que as ferramentas digitais são muito atuais, e não podemos ficar de fora se quisermos conquistar clientes entre esta geração nova que é muito mais conectada.” A proprietária do Bangalôs da Serra garante que, “se não fossem as consultorias do Sebrae, o hotel não estaria onde está hoje”. “Conquistamos muitos prêmios, principalmente na questão da sustentabilidade”, afirma Marilu. Conceito ainda é pouco aplicado na maioria das regiões brasileiras Parece “óbvio e simples”, mas, em contexto de destinos com pequenos negócios – que ainda fazem atendimento por telefone e trabalham com pouco controle financeiro, tendo poucas informações sobre entrada de turistas -, o conceito de turismo inteligente ainda é distante, destaca gerente adjunta da Unidade de Atendimento Setorial Comércio e Serviços do Sebrae, Graziele Vilela. “Existe um tabu quando se fala em tecnologia, tida como uma ferramenta ‘para jovens'”, comenta a gestora.
Ela pontua que o investimento na capacitação e consultoria das empresas para o turismo inteligente, que vem sendo desenvolvido pelo Sebrae em 17 estados, deve se repetir no biênio 2019/2020. “Hoje, tudo que se faz com relação a uma viagem começa na tecnologia, que é aliada do ‘despertar do sonho’, desde um anúncio no YouTube até o post de um amigo nas redes sociais”, argumenta Graziele. “Quando chega no destino, o turista também busca via internet a localização do empreendimento, os lugares que quer visitar, o restaurante onde vai jantar, entre outras informações, como uso de meio de transporte”, continua a gestora, lembrando que grande parte das pessoas também compra passagens, reserva ingressos e contrata guias pela internet. “As empresas que aderem ao projeto de turismo inteligente passam por um diagnóstico e assumem o compromisso de participar de todas as ações, ao longo de dois anos, período em que vão receber soluções para aquilo que precisar ser ajustado”, explica Graziele.
Para orientar os pequenos negócios, especialmente as agências de viagem, o Sebrae lançou uma cartilha com dicas práticas sobre como melhorar a prestação de serviços, investindo em inovação. As orientações estão baseadas no conceito de turismo inteligente, que, além de tecnologia, inclui os eixos de governança, experiências turísticas e sustentabilidade. “Ser inteligente significa usar a tecnologia como aliada e como facilitadora das experiências turísticas. Estamos falando de uma tecnologia que se torne imperceptível, por ela fazer com que tudo funcione bem e de forma integrada”, avalia a diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes.