Do showcase impresso aos aplicativos para Iphone: uma questão de custo ou cultura?
[Por Vaniza Schuler, Unedestinos, 17/08/2016]
Lá pelo final dos anos 90, quando os primeiros CVBs brasileiros engatinhavam, as estratégias de promoção dos destinos resumiam-se à participação em algumas feiras de turismo nacionais, e pouquíssimas internacionais, alguma publicidade em revistas e encartes de turismo (para os raros que podiam bancar financeiramente), alguns seminários de vendas e campanhas publicitárias ancoradas em cartazes de paisagens paradisíacas sem qualquer pessoa desfrutando o ambiente.
Os materiais impressos eram as ferramentas preferenciais de promoção. Na época, os guias de planejadores de eventos, no Brasil denominados SHOWCASE, cujo significado é vitrine e no exterior representa exposição de produtos com stands, eram os itens mais ambicionados pelos CVBs, até porque seus altos custos de impressão exigiam absurdos esforços desses entidades – bem entendido que show case não é material de captação, e sim livro de candidatura, que à época era produzido artesanalmente, em Word, nas nossas impressoras do escritório, sem qualquer arte de finalização.
No início das atividades, os CVBs providenciavam um folder (normalmente em português) com conteúdo misto entre o institucional e o promocional, que era distribuído tanto para potenciais associados, formadores de opinião, compradores e, claro, distribuído nas feiras nas quais se participava, fossem elas no Brasil ou no exterior.
Bem… isso foi a pelo menos 10 – 15 anos atrás… O que mudou desde então?
O mundo se globalizou, as distâncias “diminuíram” e as pessoas se aproximaram, o tão valorizado “direcionamento para a carreira” perdeu força para o lazer e para a subjetividade, a sustentabilidade passou a ser pauta essencial de preocupação dos líderes mundiais, e principalmente, a internet foi criada e o avanço tecnológico vertiginoso nos proporcionou centenas de novas formas de comunicação, a economia se transformou e as relações entre as pessoas também.
E as estratégias de promoção de destino, mudaram?
Sem dúvida, os destinos referência, usam e abusam dessas novas situações e principalmente, das novas formas de promoção mais rápidas, mais baratas, mais eficazes para a sensibilização dessa sociedade contemporânea.
E os destinos brasileiros? E os CVBs brasileiros?
Como não dispomos de pesquisas sobre o assunto, o caminho será provocar uma reflexão e discussão sobre as estratégias atualmente adotadas pelos CVBs:
Qual o papel do show case impresso nas suas estratégias promocionais? Seguem sendo a principal ferramenta?
Se afirmativo, será que realmente é o meio mais adequado de sensibilização de planejadores de eventos, profissionais que devem estar “up to date” com as novas tecnologias para aplicação nos seus eventos técnico-científicos?
Se afirmativo, qual o conteúdo desse show case? Trata-se de um material institucional, com fotos de passeios e paisagens, textos, muitos textos descritivos – mesmo que o CVB só trabalhe eventos – ou é operacional, com mapas, plantas arquitetônicas, quadros de capacidade e outras informações de planejamento?
Investe-se em folders impressos? Eles são realmente eficazes? Seus conteúdos são direcionados para públicos específicos?
O destino dispõe de um website capaz de fornecer TODAS as informações necessitadas por um turista (mesmo que você não trabalhe com Visitors, lembre-se que o turista de negócios e eventos também precisa de informações básicas de como chegar, onde dormir, o que fazer, onde comer) ou por um planejador de eventos?
Esse website, a exemplo dos destinos referência, é segmentado por perfil de usuário?
Organizamos a informação de forma que nos permita abusar das ferramentas interativas, como aplicativos, ferramentas de busca, geração de relatórios em tempo real?
Usamos materiais digitais? Temos o hábito de armazenar versões digitais de nossos materiais impressos?
Usamos e se usamos, aproveitamos da forma mais eficaz, da promoção proporcionada pelo Facebook, Youtube, twitter e outras mídias sociais gratuitas? Quem define o conteúdo que vai ser disparado pelo CVBs?
Monitoramos esses resultados de acessos aos websites, blogs, twitters? Usamos métricas de desempenho ou largamos o conteúdo lá?
Conversamos ou pesquisamos nossos clientes e compradores para saber qual a forma de comunicação por eles preferidas?
Motivamos a adoção de práticas sustentáveis nosso destino pelos nossos agentes turísticos?
Não tenho respostas definitivas para essas perguntas tenho percepções do que eu observo e acho que tenho boa base quantitativa para afirmar que podemos melhorar muito. A grande maioria dessas novas formas de comunicação é gratuita. Dá para criar website, inserir domínio, criar blog, monitorar resultados, armazenar materiais quase sem investimento.
Mas é preciso que vocês, gestores de CVBs reflitam se essa mudança de comportamento mundial não é motivo suficiente para ficarmos supervalorizando somente as velhas estratégias e ficarmos deixando para amanhã, a adoção de novas práticas.
O que nosso público alvo prefere? As novas, as velhas, ambas? De novo, precisamos de pesquisa, de estatísticas, de dados.