COCAL 2015 promove conhecimento e networking
[Por Revista Eventos, 10/03/2015; MeuGuru, 11/03/2015]
Com início no dia 5 de março e término no dia 7 no Costão do Santinho, em Florianópolis (SC), o XXXII Congresso da Federação de Entidades Organizadoras de Congressos e Afins da América Latina (COCAL 2015), que teve como tema central Inovação e Criatividade, conseguiu alcançar números significativos e que acabam por representar a importância dos eventos para a economia brasileira e o incremento do turismo. Ao todo 553 pessoas estiveram envolvidas, sendo 385 congressistas, 84 expositores, 70 jornalistas e 14 membros do staff.
“O resultado foi extraordinário, realizamos aqui o maior congresso dos últimos 10 anos”, afirmou a presidente da Federação Alisson Batres. Segundo ela, o objetivo principal de escolha do local do congresso – que é fortalecer o destino – foi amplamente atingido. “Além disso, a Inovação foi outra grande conquista”. A presidente da ABEOC Brasil Ana Claudia Bitencourt demonstrou que o país e, mais especificamente Florianópolis, vai ser beneficiado com a COCAL 2015. “Reunir profissionais de 20 países foi produtivo. Muitos visitaram a cidade pela primeira vez, conheceram in loco o potencial e, certamente, trarão mais eventos para cá”. Para Ana Claudia, o legado deverá ser construído a partir deste ano com a dedicação da cadeia produtiva.
Palestras
Entre painéis, workshops, palestras, reuniões temáticas e eventos sociais, foram realizadas mais de 35 atividades diferentes durante três dias da COCAL 2015. Roger Tondeur, fundador da MCI, apresentou as megatendências do setor, entre elas o crescimento da classe média (mais pessoas para participar de eventos); uso do mobile; ambiente multicultural; maior relevância do capital humano e a economia do compartilhamento. “Não se tratar de quem assiste ao evento, mas quem se engaja”, afirmou Tondeur, destacando que um evento preciso estar conectado com outras ações de comunicação das empresas.
Entre os desafios da indústria de eventos, o fundador da MCI cita a alta competição, pressão por preço, sustentabilidade, público de diferentes gerações e cultura. Sobre as associações, importantes atores do setor, analisou que estas precisam se transformar de entidades fechadas para comunidades abertas de profissionais, e tem o grande desafio de continuar entregando valor para os membros neste cenário.
Conceito relativamente novo, a economia criativa foi tema de painel na manhã de sábado (07/03) durante a COCAL 2015 e mostrou que é um nicho especial para o setor de eventos. Participaram do painel o designer Eduardo Barroso, uma das coordenadoras do Movimento HotSpot em São Paulo, Graça Cabral e o presidente da ABEOC São Paulo, Rodrigo Cordeiro. Barroso mostrou como Florianópolis conquistou o selo de Cidade Criativa da Unesco na área de gastronomia. E citou exemplos de cidades que souberam transformar sua cultura em inovação e produto e criaram eventos que transformaram a economia da região, como a Oktoberfest (Blumenau), Festival de Parintins, FLIP em Parati. “Todas essas cidades acreditaram na inovação que estes eventos podiam trazer e geraram riqueza a partir daí”.
Cooperação é essencial
Com mediação de Alisson Batres, presidente da Cocal, o painel sobre a cooperação Convention & Visitors Bureau– CVB’s e OPC’s para o fomento do destino, reuniu também Bruce MacMillan e Paul Vallee. “O desafio de um destino é se destacar da multidão, e para isso a cooperação é fundamental”, resumiu Vallee, vice-presidente executivo do Tourism Vancouver. Para responder à pergunta “como uma cidade pode cooperar com suas “concorrentes”, Vallee citou a “Best Cities”, uma aliança global de destinos que compartilha informações para trazer negócios para a rede, além de difundir padrões de serviços entre os destinos participantes, que recentemente passou a ter Bogotá (Colômbia) como a primeira cidade sul-americana. MacMillan reforçou que uma forte parceria entre CVB e OPCs é “crítica” para o sucesso de um destino. Entre as tendências para CVBs, o presidente e consultor da Bandwidth Management and Consulting citou a criação de eventos pelos conventions, não apenas a captação.
Também no dia (07/03), o painel moderado por Ferdinando Lucena, gestor do Centro de Convenções de João Pessoa, com a participação de Juliana Castanho, diretora executiva do Floripa CVB e Toni Sando, diretor executivo do São Paulo CVB, abordou a necessidade de unir iniciativa privada e poder público, para pensar juntos no desenvolvimento do destino para atrair, captar e criar eventos.
Falta de Certificação limita crescimento
O último painel da manhã do dia 07/03 tratou da importância da certificação de empresas e profissionais da cadeia produtiva de eventos. “Certificação é um diálogo facilitador de negócios”, anunciou Luiz Carlos Barboza, coordenador de capacitação do Programa de Qualidade ABEOC Brasil, moderador do painel. Já a gestor do Programa de Qualidade, Andrea Faria, do Sebrae Nacional, Andrea Faria comentou sobre o desafio de sensibilizar as empresas, mas ressaltou que todas as metas do Programa foram superadas, com 232 empresas participantes, 97 certificadas e aumento do faturamento das empresas participantes em 16% no ano de 2014, segundo ano da qualificação.
Com moderação de Pablo Weil, Marta Rossi (Festuris – Festival de Turismo de Gramado) e Caco Raabe (Latinsports – IronMan Brasil) apresentaram painel com o case de seus dois eventos de sucesso, hoje referências mundiais nos respectivos segmentos. Desde 2013 o Festuris conta com o Salão MICE ABEOC Brasil, e este ano será realizado de 5 a 8 de novembro, em Gramado.
Desafios e legados dos megaeventos no Brasil
Secretária de desenvolvimento econômico e turismo de Alagoas e ex-presidente da EMBRATUR, Jeanine Pires ficou com a responsabilidade de mostrar aos participantes do Congresso da COCAL 2015 as estratégias do Brasil para a captação de dois megaeventos: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Entre os motivos fundamentais que levaram o país trazer essas duas competições, Jeanine citou o interesse dos dirigentes das entidades (CBF e COI), a união de forças políticas e empresariais em torno da mesma meta e o apoio do Governo. “Mas não foi algo simples. Foi uma luta que durou anos de trabalho e muito planejamento”.
Depois, o presidente do São Paulo Convention e Visitors Bureau (CVT) Toni Sando explicou porque foi realizada a capacitação de taxistas e manobristas. “Não adianta convencer o turista a vir a minha casa se não souber recebê-lo”. Por último, Maitê Morgana Uhlmann, do Recife CVB, mostrou o case de uma empresa de Pernambuco que, ao se adequar ao Padrão Fifa, conseguiu excelentes resultados e ratificou que os brasileiros têm condições de realizar grandes eventos.
Inovar ou Morrer
A manhã desta sexta-feira começou com a marca da criatividade, graças ao palestrante Zezo Carvalho. “Inovar ou Morrer!”, o tema do workshop, resumiu o que Zezo preconiza para as empresas que atuam no segmento. Segundo ele, os eventos são importantes para saciar os desejos humanos. “As três necessidades do topo da pirâmide de Maslow podem ser satisfeitas plenamente pelos eventos”, afirmou Zezo, que comandou ações para motivar relacionamento e networking entre os participantes.
Ainda no período da manhã do primeiro dia (06/03), o painel sobre o impacto econômico e social dos eventos reuniu o mercado e a academia num debate. De um lado, a professora espanhola do Departamento de Economia Aplicada da Universidade Valladolid, María Devesa. Do outro, o consultor internacional em gestão e marketing de feiras e eventos de Portugal, Antônio Brito. “A aproximação entre o mercado e a ciência é fundamental, pois não adianta falar de tendências sem ter os números das pesquisas”, justificou Brito. “É preciso estreitar essas relações e, para isso, é necessário a colaboração mútua”, completou Devesa. Na moderação, Alexandre Carreira, conselheiro da ABEOC Brasil e vice-presidente da ABEOC Brasil estadual Rio de Janeiro. “O mérito do painel foi mostrar estas duas visões sobre o mesmo objeto, o evento, e é fundamental estreitar esta relação entre mercado e universidades”, observou Carreira.
A palestrante Dulce Magalhães instigou o público com a última palestra do dia, filosofando sobre como o foco define a sorte. “Reclamando, cria amos padrões de realidade”, sentenciou.
Atividades Paralelas
Desde a véspera da abertura até o último dia, o Congresso da COCAL 2015 teve atividades paralelas para atingir o interesse de públicos específicos. No dia 07/03, no Espaço Açores do Costão do Santinho Resort foi realizado o Encontro de Profissionais de Marketing de Destino e Eventos, com mesa composta por Ana Maria Viscasillas, DMAI; Ferdinando Lucena – João Pessoa Convention; Toni Sando – São Paulo Convention, Katia Bitencourt – EMBRATUR; Nehemias Ramos, Vice-presidente de Comunicação e Marketing da ABEOC Brasil; e Soraya Tonelli, Coordenadora Regional da Grande Florianópolis SEBRAE/SC.
No dia 06/03, após o final das palestras aconteceu reunião do Comitê Brasileiro da ICCA, com participação de executivos de CVBs, membros da ICCA e representantes da Embratur. Na manhã do dia 05/03, foi realizada a primeira oficina regional DMAI – Destination Next, voltada para profissionais de marketing de destinos, com apresentação de Ana Maria Viscasillas e Eduardo Chaillo. Contou com cerca de 40 participantes de Cvbs de Argentina, Chile, Colômbia, México, EUA, Paraguai, Honduras e das cidades brasileiras de São Paulo, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Blumenau, Chapecó, Santos, Belo Horizonte e Curitiba.
Também no dia 05/03, sob liderança de Sarah Skavron, da Imex, com participação de Carlos Rogério Zech Coelho, vice-presidente de relações internacionais da Abeoc Brasil, foi realizado o Forum de Futuros Lideres por IMEX-MPI-MCI, uma oficina para estudantes e jovens empresários da indústria de eventos.
Ainda no dia 05/03, para aproveitar a mobilização das representações, lideranças e empresários do setor de eventos presentes em Florianópolis, foi realizada a reunião da Comissão de Estudos 142 que trabalha a normalização de temas relevantes do setor de eventos. Esta é uma iniciativa da ABNT e do Sebrae Nacional para a normalização de setores onde exista uma grande atuação de micro e pequenas empresas e conta com apoio da ABEOC Brasil no setor de eventos. Alexandre Garrido, consultor da empresa Sextante, foi eleito o coordenador da Comissão, que se reunirá mensalmente.
Assembleia da Cocal
Na tarde de quinta-feira (05/03) foi realizada a Assembleia Geral da COCAL, da qual participaram representantes de 17 países que integram Federação de Entidades Organizadoras de Congressos e Afins da América Latina. Durante cerca de cinco horas, foram compartilhadas experiências positivas e traçadas estratégias de promoção do turismo de eventos na América Latina, que cresce a cada ano. “Somos representantes de uma indústria que gera riquezas e empregos”, reforçou a presidente da COCAL Alisson Batres.
A presidente da ABEOC Brasil, Ana Claudia Bitencourt, apresentou relatório da entidade e destacou a certificação de 99 empresas de eventos através do Selo de Qualidade, o lançamento de publicações e a realização do Congresso Eventos Brasil, em dezembro. A presidente do Congresso Anita Pires anunciou o sucesso do evento em inscrições e a qualidade da programação, definida com a participação do público por internet.
No final da Assembleia, foi definida as sedes dos dois próximos Congressos da COCAL: Punta de Leste, no Uruguai, em 2017 e Assunção, Paraguai, em 2018. No ano que vem, já estava confirmada a cidade de Guadalajara, no México, como sede da COCAL 2016.