Setor de eventos perde empregos equivalentes a 80 fábricas da Ford
Levantamento feito pela Associação Brasileira de Promotores de Eventos (ABRAPE) indica que foram perdidos, desde o início da pandemia, 335.435 empregos formais no setor, composto por operadores turísticos e agências de viagem, aluguel e montagem de estruturas para eventos, bares e restaurantes, hospedagem, publicidade e propaganda, segurança privada e serviços gerais e de limpeza. O número passa de 450 mil se entrarem no cálculo os trabalhadores indiretos.
“Os empregos afetados no segmento superam em quase 80 vezes os perdidos com o fechamento das fábricas da Ford no país”, afirma o empresário e presidente da ABRAPE, Doreni Caramori Júnior, que afirma que se não houver medidas emergenciais que protejam o setor, há o risco de dobrar este número.
Segundo a secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade, o setor de atividades artísticas, criativas e de espetáculos foi o mais afetado pela pandemia. Com o novo avanço da vírus e aumento no número de mortos, o associação calcula que os cofres públicos podem deixar de arrecadar, em 2021, cerca de R$ 4,65 bilhões em impostos federais, devido à total paralisação dos eventos de cultura e entretenimento. A projeção foi feita com base em dados da Receita Federal e Ministério da Economia.
De acordo com Caramori Júnior, a esperança do setor é a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB/PE). Entre as medidas do projeto estão “obrigar as instituições financeiras federais a disponibilizar especificamente para as empresas do setor de eventos: linhas de crédito específicas para o fomento de atividades, capital de giro e para a aquisição de equipamentos; condições especiais para renegociação de débitos que eventualmente essas empresas tenham junto a essas instituições, mesmo se forem optantes do Simples Nacional”.
O projeto prevê ainda a manutenção da suspensão e redução dos contratos de trabalho do setor. Outra solicitação é a extensão das condições da Lei Nº 14.046, sobre o adiamento e o cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos setores de turismo e de cultura. Com o fim do estado de calamidade pública, as empresas agora são obrigadas a reembolsar os clientes.
“Somente dessa forma será possível evitar o colapso total do setor”, diz Caramori Júnior.
Por Ana Carolina Diniz
Fonte: O Globo/Coluna Míriam Leitão