O Rio de Janeiro e o calendário de Eventos
[Diário do turismo, 06/09/2017]
Por Bayard Do Coutto Boiteux*
As cidades turísticas não podem viver exclusivamente de seus atrativos naturais e culturais. Nem da alta estação apenas. Devem buscar formas de minimizar o problema da sazonalidade e um dos caminhos mais fáceis é formado pelos Eventos. Os eventos não nascem aleatoriamente, nem de projetos políticos, nem de conselhos mas vão se solidificando anualmente e criando sua marca e delineando sua capacidade de promoção e segmento alvo.
No caso do rio de Janeiro, basta olhar para o Carnaval, um de seus maiores eventos ,junto com o Réveillon, que foi se modificando anualmente com primeiro a Passarela do Samba, criada por Leonel Brizola, posteriormente o Carnaval de Rua, fortalecido e melhor segmentado na gestão Cesar Maia até as mudanças introduzidas na administração de Eduardo Paes. Sempre mereceu o apoio da prefeitura do Rio e a presença no Prefeito, na entrega das chaves ao rei Momo.
No entanto, para que o segmento produtivo do turismo possa aproveitar os eventos, deve ser criado com antecedência, nos últimos meses do ano, um calendário consolidado dos eventos existentes, que merecem uma atenção especial, no apoio e patrocínio e naqueles novos que serão incluídos. O ideal é que a cidade tenha 12 grandes eventos e que a cada mês sejam fonte de novos consumidores nacionais e internacionais. Tal ideia nasceu quando Rubem Medina foi secretario de Turismo do Rio e conseguiu uma mudança de paradigmas na cidade com um novo plano de Turismo.
A verdade é que até agora plano de Turismo mesmo,a cidade do RJ só teve um: o plano maravilha, criado por Cesar Maia e colocado em pratica por Conde. Deve ficar claro que os 12 eventos nascem de atividades já existentes e não são criados de maneira intempestiva e sem relevância nenhuma, sobretudo quando deixam de ouvir os principais interessados e pensam que luau na praia é capaz de movimentar um núcleo receptor.
Há uma diferença básica entre eventos que atendem o entretenimento da população local e aqueles que podem trazer receitas novas,oriundas do turismo.
Lamento muito que tais considerações sejam esquecidas e que não possam fazer parte de movimentos que pretendem mudar ou ajudar os novos rumos do Rio.
Os conventions bureaux, no âmbito do Estado do Rio estão desenvolvendo importante ação no sentido de maximizar a baixa estação, trazer grandes congressos, seminários e colaborar com uma chama acesa de que o Rio está pronto,apesar de todos os problemas e a falta de segurança marcante, para ainda lutar pelo turismo. Não vamos nos descuidar de um segmento vital, como os Eventos, nem reclamar que autoridades federais não apoiaram congressos de entidades de classe. Vamos trabalhar, gritar sem medo e reagir. Reage Rio, de verdade, por favor.
*Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor, pesquisador, vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ e presidente do Portal Consultoria em Turismo (www.bayardboiteux.com.br)