Rede de Observatórios de Turismo é criada em Encontro Paranaense
[Por Osiris Marques, Revista Eventos, 12/05/2017]
No último dia 11 de maio aconteceu, em Curitiba, o Encontro Paranaense dos Observatórios de Turismo. Participaram do encontro Observatórios de Turismo de todo o Brasil, além de alguns internacionais. Ao todo foram doze Observatórios de Turismo brasileiros e três internacionais. Foi o maior encontro de Observatórios de Turismo do Brasil e incluiu quase todos os que se encontram ativos atualmente.
A organização do encontro ficou por conta do Prof. José Manoel Gândara, professor da Universidade Federal do Paraná e Coordenador do Observatório de Turismo do Paraná, e da Fecomércio-PR, na figura da Diretora da Câmara Empresarial de Turismo daquela entidade, Rosa Maria Corbari Maccali. A realização do Encontro contou com amplo apoio e parcerias de empresas e instituições que viabilizaram a participação dos coordenadores dos Observatórios e outras entidades, além da própria estrutura do evento.
O Encontro durou um dia e contou com a presença de entidades públicas e privadas, de diversos setores ligados ao setor de turismo e eventos, além dos coordenadores do Observatório de Turismo participantes. Na parte da manhã, o encontro contou com uma mesa-redonda sobre a importância dos Observatórios de Turismo para ao planejamento, gestão e controle de destinos inteligentes, além de um painel sobre as boas práticas dos Observatórios de Turismo internacionais, que relataram experiências da Espanha e de Buenos Aires. Na parte da tarde, os coordenadores dos Observatórios tiveram a oportunidade de compartilhar experiências, realizações, pesquisas, metodologias e características gerais dos seus Observatórios de Turismo.
Do que foi discutido alguns pontos chamam a atenção:
• Há uma grande diversidade de formas de organização dos Observatórios de Turismo atualmente em funcionamento. Alguns são privados, ligados, principalmente, a Conventions & Visitors Bureau. Outros públicos ligados a secretarias estaduais de turismo, a secretarias municipais de turismo e outros, ainda, ligados a universidades. Alguns são mistos, numa espécie de pareceria público-privada (PPP). E outros são, inclusive, trinacionais, como é o caso do Observatório de Foz do Iguaçu.
• Os Observatórios encontram-se em graus de diferentes níveis de maturidade e desenvolvimento. Alguns estão iniciando suas atividades e poucos tem uma atuação muito longa;
• As fontes de financiamento, os tipos de pesquisa e a forma com que são divulgadas as informações para o trade e para a sociedade também são muito diversas. As fontes de financiamento, além de escassas, são muito dependentes do tipo de organização dos observatórios. Há os que dependam exclusivamente de recursos públicos e aqueles que podem levantar recursos através de receitas advindas da realização de pesquisas para o setor privado e para o setor público. Alguns, apesar de privados, realizam uma rede de parcerias para viabilizar o funcionamento das atividades e produção de informações para o destino.
Além das questões acima apontadas, que apenas são um resumo muito breve de tudo que foi discutido, foram pontuadas outras questões importantes relativas aos Observatórios, como: o fechamento recente de muitos observatórios por conta da crise e da mudança de governos; a falta de interesse de grande parte do setor público e do setor privado não apenas em financiar a operação de Observatórios de diferentes destinos, mas também de fornecer informações para que as pesquisas sejam realizadas, e também, do futuro dos Observatórios de Turismo em meio a um ambiente de crise e escassez de recursos financeiros.
Como resultado do encontro, os Observatórios e instituições presentes assinaram a Carta de Curitiba, que cria a Rede Brasileira de Observatórios de Turismo com o objetivo de unificar as discussões e esforços em torno do desenvolvimento da produção de informações e estatísticas do turismo. Além disso, já foi estabelecida uma nova data para que os membros da Rede se encontram e possam dar novos passos rumo ao aperfeiçoamento e fortalecimento dos Observatórios. Será em novembro no II Seminário Mineiro de Pesquisa e Inovação em Turismo, em Belo Horizonte, e deverá contar, inclusive, com a ampliação da participação dos demais instituições que não puderam participar desta primeira edição.
Vale, por fim, ressaltar a grande importância desta inciativa. Para se ter uma ideia, no ranking de competitividade turística do Fórum Econômico Mundial, uma das piores avaliações do turismo brasileiro é justamente no item de monitoramento, já que as ações de política, pública e privada, contam com um sistema de acompanhamento e monitoramento ou pouco efetivo ou inexistente. Neste sentido, a criação da Rede e a união dos Observatórios em prol da produção de informações contínuas, relevantes e de qualidade é um passo importante para que o turismo brasileiro se desenvolva e esta lacuna possa, paulatinamente, ser resolvida. Não há como esperarmos desenvolvimento do setor de turismo sem que tenhamos as informações necessárias que nos indiquem que rumos estamos tomando.