Opinião: "O modelo turístico brasileiro navega contra a corrente", por Luigi Rotunno
[Por Hôtelier News, 19/04/2017]
As mudanças na maneira do cliente pesquisar e comprar as suas viagens, causadas principalmente pelas novas plataformas e pelo constante avanço das tecnologias, preocupa boa parte da indústria das viagens e do turismo.
Para Luigi Rotunno, presidente da ABR (Associação Brasileira de Resorts) e diretor geral do La Torre Resort, em Porto Seguro (BA), falta um maior engajamento por parte do Ministério do Turismo na busca por uma harmonia entre a realidade tecnológica e o esforço das empresas ligadas ao turismo em continuar na corrida por um posicionamento que os permita ao menos continuar operando.
“O modo de viajar mudou radicalmente e, aqueles que têm o poder da tomada de decisões e das mudanças governamentais parecem não saber lidar com o futuro que já chegou. O programa Brasil + Turismo, lançado pelo Ministério do Turismo com intuito de impulsionar o turismo no Brasil, não prevê nenhuma medida de integração do segmento do turismo com a realidade tecnológica atual e o futuro viajante. A ausência de novas medidas que mostram o entendimento da transformação que a indústria do turismo está passando, deixa o programa arcaico e pouco eficiente”, afirmou o gestor em comunicado denominado “O modelo turístico brasileiro navega contra a corrente”.
“As propostas de alteração da nova Lei Geral do Turismo tendem a adequar assuntos importantes, porém, ultrapassados neste novo diagrama do turismo mundial. A cadeia produtiva dessa área está desmoronando frente a uma onda de plataformas digitais que eliminam a intermediação com uma eficiência nunca vista antes. A rapidez das mudanças que vêm acontecendo no mundo digital atropela a legislação de forma disruptiva. Existe urgência no entendimento desse novo modelo de viver e viajar e, a necessidade de regulamentação para o setor”, pontua o texto.
Segundo Rotunno, o cenário atual motiva a queda do número de investidores, essenciais para a estruturação da indústria. “O turismo está navegando para um destino incerto, afastando qualquer interesse por parte de novos investidores que preferem o risco da ilegalidade das plataformas digitais ao gargalo da burocracia existente. Com uma fuga nítida de capitais nesta direção, o turismo vai ter muitas dificuldades em se reestruturar. Os atuais investidores no segmento são quase unicamente as empresas existentes que buscam competitividade por meios próprios, sem receber aportes externos. Até quando isso vai ser suficiente?”.
“O turismo brasileiro deveria integrar todas as novas tecnologias em um novo modelo turístico, desenhando um organograma que prevê os fluxos tributários que, garanta isonomia de direitos e, principalmente, que permita a convergência de interesses de cada elemento da cadeia produtiva turística. Este deveria ser o novo plano nacional de turismo”, finaliza.