Marketing 3.0: o que muda para o mercado de Turismo
Nos anos 60 o norte-americano Jerome McCarthy, professor de marketing da Universidade Estadual de Michigan, revolucionou o conceito de marketing com o lançamento do seu livro “Basic Marketing”, quando concebeu os quatro P’s: produto, preço, ponto de venda e promoção. Antes era puramente venda e propaganda. Com o livro de McCarthy, ficou clara a abrangência do marketing tinha na comunicação e na decisão de compra do consumidor. Nos anos 70, esse conceito foi popularizado pelo também americano Philip Kotler, professor de Marketing Internacional na escola de negócios Kellogg, da Universidade Northwestern.
Depois de mais de cinco décadas os consumidores e seus hábitos mudaram. Eles têm muito mais acesso a informação em um novo ambiente econômico. A informação não é mais unilateral, o consumidor está mais participativo e tem papel ativo na relação com as empresas. Será que hoje esse conceito ainda é válido? Para o século 21, além dos P’s devem ser incluídas algumas outras letras do alfabeto: percepção, identificação, valor, empatia, mercado, mídia, utilidade, comunicação, entre tantas outras.
Para Maria Luciana Nunes, da Agência Exclusiva!BR, a venda é hoje consequência de um esforço de comunicação e marketing para a construção e reputação de uma marca, que vai além da venda e exige inteligência e criatividade. “Fazendo um breve resgate das principais etapas do marketing, saímos do marketing 1.0 onde a estratégia era focada no produto e sem interação alguma com a tecnologia e conteúdo. Passamos para o marketing 2.0 que tinha objetivo de satisfazer e manter o cliente, mas o foco ainda era no cliente e, hoje, estamos no 3.0, onde o produto tem valor e o conteúdo deixa de ser auto referencial”, explicou.
Segundo Luciana, vivemos na era do criar, contar e compartilhar experiências reais. Construir valores. Esta é a nova forma de alcançar a diferenciação de produtos e serviços. É o famoso marketing de influência que emociona através de belas narrativas. “O consumidor busca numa marca ou produto empatia, identificação, causa, conexão, representatividade valores e propósitos reais. É isso que faz do consumidor o maior representante da marca”, afirmou.
De acordo com Gianfranco ‘Panda’ Beting, os 4P’s continuam fundamentais para se pensar no produto e serviço a ser ofertado. “O segredo é agregar valor em tudo o que se faz, em especial na promoção”, afirmou. Para ele, quem não investe em promoção perde a oportunidade de criar uma marca poderosa e desejável. “Para ter sucesso é preciso ter uma marca forte e lembrada pelos consumidores. Se eu tivesse um montante para investir seria no fortalecimento da marca, que não é possível sem entregar um serviço de excelência”, disse.
“O mundo digital proporciona milhares de oportunidades para o turismo, mas também muitos desafios”
Consumidor no comando
Para Luciana, somos seres sociais, influenciados pelos grupos em que vivemos – e nossas decisões de compra não são exceção. “Com as novas tecnologias de informação e comunicação, o marketing de destinos turísticos passou ser eixo central desempenhando um papel fundamental na promoção e vendas. Acrescente a isso a relevância das redes sociais como canal de comunicação, informação, conectividade e-commerce. Isso tem feito que as empresas comecem a uma nova forma de comercializar os seus produtos e serviços turísticos. O mundo digital proporciona milhares de oportunidades para o turismo, mas também muitos desafios”, antecipou.
Para Panda, com a velocidade das mudanças tecnológicas, esta cada vez mais difícil para o profissional de marketing conseguir acompanhar o mercado. O mesmo acontece no Turismo, sobretudo com o empoeiramento dos consumidores. “O agente de viagens sempre foi fundamental no processo, porém, cada vez mais ele precisa se tornar um consultor e se manter relevante, visto que hoje é muito fácil para o cliente montar a sua própria viagem com o que há disponível online”, disse. Para ele, a tendência é acompanhar a rapidez do mercado sendo mais veloz que o concorrente. O tamanho da empresa não importa frente à importância de se ter velocidade para sobreviver no mercado.
“O agente de viagens sempre foi fundamental no processo, porém, cada vez mais ele precisa se tornar um consultor e se manter relevante, visto que hoje é muito fácil para o cliente montar a sua própria viagem com o que há disponível online”
RGBTendências
De acordo com Luciana, é impossível falar em tendência de marketing sem mencionar disrupção, inovação, empatia e criatividade: os superporeis da atualidade. “Não é novidade que estamos vivendo um período de grandes transformações onde muitas verdades que por muito tempo nortearam o mercado e as relações já não fazem mais sentido. E quando nos referimos a comunicação, as transformações são ainda mais radicais. Por isso, posso afirmar sem medo de errar que a propaganda e o marketing nos moldes tradicionais morreram”.
Segundo historiadores, estamos numa mudança de Era. Alguns futuristas até já a chama de Era Pós Digital – que estaria originando uma nova ordem das coisas, transformando a cultura, o ambiente e o modo de vida das pessoas. “É muito maluco imaginar que hoje o digital já virou padrão, virou lugar comum e tudo aquilo que nos surpreendia, nos fascinava e nos deixava impressionados, virou o padrão. E isso transforma o mercado, muda a dinâmica de como as coisas funcionam e traz novos desafios para todo mundo, todas as profissões, inclusive para o setor de turismo”, antecipou a executiva.
“Tudo aquilo que nos surpreendia, nos fascinava e nos deixava impressionados, virou o padrão”
Luciana afirma que vivemos em um mundo aonde a internet sabe mais de você do que o seu colega sentado a um metro de distância. E nesse contexto, o Brasil está à frente da média mundial quando o assunto é relação com o universo digital. “Estamos à frente em compras online via smartphones e tablets. E isso requer que você também mude sua forma de pensar e de ver o mundo para se adaptar a nova realidade. É atualizar o seu software, senão você tá rodando com a versão antiga ficará para trás”, finalizou.