Artigo: "O Rio de Janeiro e o futuro do Turismo"
[Por Bayard Do Coutto Boiteux*, Diário do Turismo, 17/05/2015]
O Rio de Janeiro é um conjunto de cidades maravilhosas, capitaneado pela capital, que deve servir de núcleo distribuidor para as demais cidades do Estado. São destinos complementares, que precisam ser trabalhados em conjunto, não apenas para maximizar o número de visitantes, mas sobretudo, reduzir custos operacionais no material promocional e na participação em eventos. Devemos confessar que o conceito de “cidades maravilhosas” criado por Cid Pacheco e Elysio Pires foi se perdendo ao longo dos anos e inviabilizando a aproximação de vários municípios. É uma retomada que deve fazer parte das políticas públicas de turismo, com a criação de conselhos regionais de turismo, no lugar inclusive dos conselhos municipal e estadual, que acabam tendo pouca serventia e servindo para grandes discussões, sem muitas ações práticas. É inclusive o caso do Conselho Nacional de Turismo.
Nosso Rio, que avança tanto no desenvolvimento do transporte, das novas opções de lazer na área recuperada do Porto, na cidade do Rio de Janeiro com seus novos museus, deve buscar também soluções para problemas pontuais, que continuam desatendidos. Exemplos são o crescimento desordenado das favelas, sem uma efetiva fiscalização das autoridades competentes, a falta de ações sociais nas UPPs, que leva a confrontos violentos e a segurança deficiente.
Um país que recebe menos de 1% de todos os turistas que visitam o mundo e não tem um plano efetivo de promoção turística, fica a mercê de fluxos espontâneos, que acabam se afastando do Estado e da cidade, por problemas de segurança urbana. As balas perdidas que matam inocentes refletem numa divulgação negativa de nosso destino, mundo a fora. O Rio voltou a ser considerado violento e alguns travel advisors já recomendam cautela na escolha de nosso produto. Lembramos que segurança não é apenas policiamento ostensivo armado em zonas turísticas, como desejam algumas lideranças retrógradas do turismo. Segurança turística é muito mais: são os equipamentos de incêndio funcionando em todos os estabelecimentos, a não existência de comida estragada, inclusive em hotéis ícones da cidade maravilhosa, a segurança é facilidade em aeroportos, sem que haja goteiras e maleteiros fazendo câmbios, além de taxistas oferecendo serviços na saída dos turistas, mas sobretudo, uma série de programas que permitam uma verdadeira reinserção de adolescentes infratores e escolas profissionalizantes de tempo integral.
Como apaixonados pelo Rio, vislumbramos uma secretaria de estado muito mais voltada para a estruturação do que para a promoção, deixando aos município a arte de venda, assessorados por técnicos de marketing. Queremos um Rio, com empresários conscientes de que a atividade precisa de integração com o poder público mas sem medo de criticar políticas equivocadas. E uma parceria verdadeira que deve nascer, dentro de uma nova visão da administração, que tem que priorizar a capacitação e os investimentos nos colaboradores. Afinal, são eles que mantém contato com o turista e podem assim ajudar no boca a boca, arma ainda moderna na veiculação positiva.
Estamos preocupados pois com tantos novos hotéis e tantos investimentos, o Rio não consiga reverter a atual situação do Receptivo, mesmo com as Olimpíadas e acabemos com uma onda de fechamento dos novos empreendimentos. É hora de sentar e criar um grande plano de desenvolvimento turístico para o Estado, com base em dados reais e com a presença efetiva da Academia, que tem sido alijada dos processos de participação na feitura dos projetos.
Sim, nosso Rio precisa de mais carinho nas ações turísticas e na vontade de investir, não atirando para todos os lados mas com um plano mensurável de melhoria. Rio, nossa paixão, queremos de alguma forma ajudar um novo momento de reflexão.
* Bayard Do Coutto Boiteux é vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do Rio,gerente de Turismo do Preservale e presidente do Site Consultoria em turismo.(www.bayardboiteux.com.br)