Alta do dólar e o mercado de eventos
[Por André Nogueira. Jornal da Mídia, 26/05/2015]
A instabilidade econômica pela qual o Brasil passa nesse ano de 2015 ainda não tem impactado de forma tão negativa o mercado de eventos corporativos. Apesar de vários setores afetados estarem fazendo cortes de custos ou redirecionando a verba que seria utilizada em eventos, de forma geral as empresas têm mantido sua agenda, porém com um orçamento um pouco menor.
Junto com a crise econômica está a alta do dólar, o que afeta de forma direta ou indireta o mercado de eventos. Apesar dessa elevação cambial em curto espaço de tempo, já há alguns anos que a desvalorização do real perante a moeda americana vem aumentando, mesmo que de forma gradativa, e o mercado de eventos tem conseguido driblar e se manter na linha de crescimento. Em momento como estes, vale a criatividade e a capacidade de inovar dos profissionais. Muitas das empresas e setores que têm seus negócios voltados para exportação, também acabam ganhando com a alta da moeda americana, que passam a lucrar mais com a venda de seus produtos.
Um exemplo de estratégia utilizada para driblar a alta do dólar sem comprometer o conteúdo, são os eventos híbridos. Nesses eventos a tecnologia é usada como substituição da presença física de palestrantes ou participantes. Por exemplo, ao invés de trazer um palestrante internacional e com eles os custos de passagens aéreas, transfer, hospedagem etc., o organizador opta pela vídeo conferência. O ex-agente da NSA Edward Snowden, por exemplo, tem participado de conferências pelo mundo inteiro utilizando essa estratégia. Agora, imagine você, além dos valores, a logística dispendida para levá-lo pessoalmente para cada um desses lugares.
O setor dentro do mercado de eventos que deve sofrer alterações, mas não diminuição, de acordo também com outros especialistas, é o de viagens de incentivo. Quando muitas empresas procuram recompensar seus parceiros, clientes e, principalmente, funcionários, com viagens internacionais, eles devem alterar o destino para os nacionais, mas nem tanto por conta da alta da moeda, pois viagens para dentro do Brasil, muitas vezes se mostram iguais ou mais caras que viagens internacionais. Entretanto, um ponto importante é que, quando mantidas as viagens internacionais, essas tornam-se ainda mais valorizadas e os altos valores mantidos! Ou seja, é preciso diminuir a demanda para que os preços baixem.
Mais uma vez a agência organizadora entra como um importante aliado das empresas e marcas, pois seu papel hoje vai muito mais além do que apenas operacionalizar um evento, ela tem o dever de pensar e agir estrategicamente para que se extraia o melhor resultado alinhado ao plano anual da empresa. E em contrapartida é necessário que o cliente seja aberto e exponha realmente suas necessidades e seus limites, pois somente dessa forma a relação cliente/agência será a mais produtiva possível e as dificuldades com a crise e aumento do dólar poderão ser vencidas.
*André Nogueira é pós-graduado em Gestão de Eventos