Com espaços saturados, setor de eventos atrai investidores
[Por DCI, 10/10/2014]
Há um descompasso no mercado de eventos em todo o Brasil. Mesmo com os espaços saturados há uma falta de investimento em novas infraestruturas. Mas, aos poucos, algumas empresas já começam a perceber a carência e resolveram aproveitar as oportunidades de mercado.
O Centro de Exposições Imigrantes é um bom exemplo. Acaba de realizar dois grandes investimentos: R$ 300 milhões em infraestrutura e o reposicionamento de marca, transformada em São Paulo Expo. O projeto prevê a construção de um novo pavilhão de 50 mil metros quadrados, um novo centro de convenções de 10 mil m² e a reforma do espaço já existente de 40 mil m².
“Nosso objetivo é tornar o espaço uma referência no mercado de eventos de negócios com padrão internacional”, afirma o presidente da GL Events, uma das maiores empresas do setor de evento no mundo e atual operadora do São Paulo Expo, Arthur Repsold. Para ele, São Paulo é a referência em turismo de negócios do País e o Brasil é o da América Latina. “Apostamos no crescimento e a previsão é que o novo espaço consiga atingir a taxa de ocupação máxima em oito anos”, conclui.
Crescimento
Além dos 60 m² do São Paulo Expo, o DCI apurou mais quatro empreendimentos em São Paulo: a Arena Verona, o Centro de Convenções Pró-Magno, o Expo Center Norte e o Centro de Convenções Rebouças. A previsão para 2015 é que a cidade receba mais de 155 mil m² em novos espaços e movimente R$ 16,3 bilhões.
“São necessários novos espaços porque o mercado está saturado. O tempo de espera para realizar um evento pode chegar a quase dois anos”, diz a diretora executiva da Sator, Paula Faria.
Localização
Outro espaço que decidiu ampliar a área é o Centro de Convenções Rebouças, que pertence ao Hospital das Clínicas e inaugurará o espaço na próxima terça-feira (14). No novo projeto, o espaço passou de 7 mil m² a 17 mil m² e terá 350 vagas de estacionamento. Todo o ambiente pode ser modulado em até seis espaços, com tecnologia de desmontagem para facilitar o acesso de grandes equipamentos e materiais nos três andares do pavilhão.
Além dos espaços tradicionais, a cidade de São Paulo também contará com um novo conceito em infraestrutura: o Complexo Verona, localizado na zona norte da cidade, no bairro de Santana. Este vai ser inaugurado dia 7 de novembro. A produtora de eventos Coliseu desembolsou R$ 8 milhões no projeto, que terá três espaços: a Arena Verona, para shows ao ar livre, eventos culturais, esportivos e empresariais; o Cenarium Gastronômico, um Food Park com capacidade para cerca de 25 food trucks e também um restaurante.
“A cidade possui grande carência de espaços para eventos, mas no setor de feiras é ainda maior”, analisa CEO da Coliseu, Renato Paiva. Para ele, os espaços não são adaptáveis o suficiente para feiras de negócios.
A empresa é especializada na produção de eventos e pela primeira vez decidiu investir em um espaço próprio.
Ao DCI, Paiva contou que já está negociando com duas grandes feiras de gastronomia e têxtil. Conforme o executivo, a decisão de experimentar um novo negócio partiu da ideia de que São Paulo é um polo de eventos internacional. Além dos anos de experiência que a cidade possui, a realização da Copa do Mundo trouxe a profissionalização do setor, diz ele.
“Na preparação do evento, as produtoras conseguiram identificar suas fraquezas e investir na profissionalização dos equipamentos, espaços e mão de obra”, explica Paiva.
Para ele, com o aprendizado, as empresas do setor de evento passaram a vender melhor sua imagem e mostrou que é capaz de exportar o know-how de como fazer eventos. “Passamos a ser referência para países que ainda não realizaram megaeventos e, sobretudo, para a América do Sul”, finaliza.
Políticas públicas
O maior desafio para conseguir manter o mercado aquecido é a realização de mais políticas públicas. “Falta regulamentar a arrecadação do setor levando em consideração as pequenas empresas que não conseguem se manter com a atual”, diz Paiva.
Além disso, o executivo destaca as leis de acessibilidade nos locais, que muitas vezes não leva em consideração todas as necessidades do consumidor: como de gestantes e idosos.
A empresária Paula Faria concorda com essa opinião sobre o setor. Para ela, uma das maiores deficiências do setor são as vias de acesso aos centros de eventos e convenções. “É necessário a criação de novas medidas. Não se pode planejar um grande evento se o convidado não acesso ao local”.
Novos espaços
Além dos espaços anteriores, o Centro de Convenções Pró Magno, na região da Casa Verde, também aportará um novo espaço de 20 mil m² a partir de 2015. Já o famoso Expo Center Norte terá mais 30 mil m².