Impostos colocam em risco setor de bares e restaurantes, diz Abrasel
[Por Mercado e Eventos, 08/ 05/2014]
O setor de alimentação fora de casa, segmento que emprega mais de seis milhões de pessoas em todo Brasil, prevê queda de faturamento e retração do negócio – com demissões e fechamento de pontos de venda – devido ao anúncio do governo federal de aumentar os impostos sobre bebidas frias duas vezes dentro de um intervalo de 30 dias. A venda de bebidas (refrigerante, água, cerveja e suco) representa entre 40% e 60% do faturamento de bares, restaurantes, lanchonetes e afins. Com a alta dos tributos, que no caso da cerveja será de, em média, 30%, o preço dos produtos subirá novamente, afugentando ainda mais o consumidor. Cenário que coloca 200 mil empregos em risco em todo o país.
O setor de alimentação fora de casa, que representa 2,7% do PIB nacional, já vem sob alta pressão de custos nos últimos anos e não conseguirá absorver mais um reajuste. Os preços nesses estabelecimentos já têm subido quase duas vezes acima da inflação. A ponto de 63% dos consumidores afirmarem que estão reduzindo gastos com alimentação na rua, de acordo com pesquisa Nilsen.
Em 2013, por exemplo, houve queda sem precedentes no volume do setor de bebidas frias, ou seja, de vendas nos mais de 1 milhão de bares e restaurantes do Brasil. O principal motivo do recuo foi justamente o aumento da carga tributária imposto das bebidas em outubro de 2012. Nesta ocasião, os reajustes foram da ordem de 13% para cervejas e 26% para refrigerantes.
“Todo o mercado de alimentação fora de casa está apreensivo. Não podemos ser vistos como vilões pelo consumidor, já que somos os principais prejudicados. Os dois milhões de micro e pequenos empreendedores do nosso setor ainda não sabem se conseguirão se manter com esse aumento. Acreditamos que, no curto prazo, veremos o fechamento de estabelecimentos e aumento do desemprego”, lamenta o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci.
Única atividade econômica presente em todos os municípios, distritos e vilarejos do país, o setor estava, até agora, concentrado em se preparar para receber os brasileiros na Copa do Mundo. Afinal, a grande maioria da população não terá acesso aos estádios e fará a festa da Copa nos bares espalhados por todo o país. Com esse atual cenário, esses estabelecimentos, que são o símbolo da democratização do evento, estão ameaçados.
Solmucci lembra que um em cada 12 brasileiros (levando em conta a população economicamente ativa) trabalha em um bar, restaurante, lanchonete e/ou estabelecimentos similares, o que o representa cerca de 8% dos empregados do Brasil. “Somos uma das principais portas de entrada para o mercado de trabalho e um dos setores que mais promove ascensão socioeconômica. Os bares e restaurantes, muitas vezes, exercem o papel de sala de estar da população, onde as pessoas reúnem amigos e confraternizam. Apesar de estar tão presente na vida do brasileiro, o setor de alimentação fora de casa parece invisível aos olhos do poder público”, finaliza.