País tem grandes desafios para preparar o transporte terrestre dos megaeventos
[Por CNC, 29/03/2012]
Quando o assunto é a preparação para os grandes eventos esportivos que o Brasil irá sediar, as preocupações se voltam principalmente para a ampliação e modernização dos aeroportos e para a capacidade hoteleira. Mas como estarão a logística dos eventos e a parte do transporte terrestre? O Conselho de Turismo da CNC recebeu, em sua reunião de 28 de março, três especialistas para traçar um cenário do setor: Paulo Gaba Junior, presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla); Ricardo Kaiser, do Comitê de Mobilidade Terrestre da Associação Brasileira de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Abgev) e Alexandre Pinto, do Comitê de Logística Para Eventos, também da Abgev.
As palestras, com o tema Turismo Receptivo sobre Rodas, fazem parte dos debates sobre Turismo Receptivo e Capacitação Profissional, com os quais o Conselho de Turismo da CNC busca contribuir na busca de soluções que beneficiem o setor e seus empresários. A realidade apresentada pelos especialistas não é diferente das demais frentes que compõem a preparação brasileira. Há muito o que fazer e o tempo não está a favor.
Ricardo Kaiser e Paulo Gaba focaram suas apresentações no mercado da locação de veículos. Existe uma diferenciação marcante para este setor, entre turismo de lazer e de negócios. E na locação de veículos, o peso dos clientes corporativos e de empresas é bem maior no Brasil, principalmente por questões culturais, já que os brasileiros, pelo menos aqui no País, preferem usar o táxi, para se deslocar. “O faturamento do setor é de cerca de US$ 3 bilhões e 76% vêm do viajante a negócios ou de empresas”, mostrou Kaiser. Entre os desafios a serem enfrentados, ele aponta o nível de exigência cada vez maior desse tipo de cliente, preocupado com um atendimento rápido, personalizado e também com a segurança dos veículos.
A importância do transporte terrestre para o sucesso de qualquer megaevento foi destacada por Paulo Gaba. “É um dos três pilares, junto com o transporte aéreo e os hotéis”, ressaltou. O mercado conta hoje com 500 mil automóveis para locação no Brasil e a cada dois minutos é comprado um carro com essa finalidade. Mas, segundo Gaba, não é o caso de se ter a falsa impressão de que não haverá problemas. “Os desafios vão além da disponibilização dos carros, passam também por ter equipes profissionais, preparadas, que falem inglês”, alerta. “Estamos fazendo nosso dever de casa, mas não devemos esperar que tudo sairá às mil maravilhas. Aliás, em lugar nenhum do mundo é assim com os chamados grandes eventos”.
Na área de transporte de grandes grupos de passageiros, Alexandre Pinto destacou os principais pontos de atenção. De acordo com ele, o investimento na frota, a qualificação da mão de obra (com profissionais que tenham domínio pelo menos do inglês), a sinalização das cidades com padrão internacional e a infraestrutura viária vão exigir os principais esforços na preparação do setor. Mas, em relação aos investimentos nas frotas, ele faz uma ressalva. “É pouco provável que se amplie o número de veículos substancialmente para atender apenas à Copa. Vai haver investimento, mas de acordo com a evolução da demanda do mercado”, afirmou.