Artigo ABEOC BRASIL: Afinal, a quem serve o Perse?
Sacrifício do setor de eventos no austericídio fiscal | Monitor Mercantil
Todas essas considerações, então, confirmam que o Perse serve aos eventos? A resposta é, volto a dizer, não! E explicarei o porquê. O setor de eventos é uma atividade transversal, que dialoga, gera emprego, gera interface com todos os segmentos da economia. Da grande indústria que precisa dos congressos e feiras para realizar seus lançamentos de produtos, ao setor de infraestrutura e logística necessários para construção desses projetos nos 5.568 municípios do nosso imenso Brasil.
Então, afirmo: o setor de eventos não produz o aço utilizado para produzir grids e leds, nem o alumínio das estruturas metálicas necessárias para montar as milhares de feiras que acontecem em todo território. Não somos os proprietários dos caminhões que estão diariamente nas estradas brasileiras levando de lá para cá materiais e equipamentos que viabilizam os eventos corporativos, como feiras e congressos, mas também exposições agropecuárias, shows e até casamentos. Esses são apenas alguns dos segmentos da economia que serão impactados negativamente pelo fim do Perse.
É imperativo refletirmos que, quando falamos em eventos, estamos tratando de um ecossistema formado por várias cadeias de valor, uma interagindo com a outra. É imprescindível dizer que o Perse caindo, a perspectiva é de vivenciarmos um tsunami de desemprego nos eventos, mas também no turismo; na indústria; no transporte aéreo, terrestre e marítimo; no receptivo que conta com o turismo de negócios; com reflexos também nos serviços.
Uma atividade econômica que leva mais de seis décadas para chegar ao seu apogeu e que, por uma catástrofe de saúde de alcance planetário, é destruída em dois anos, principalmente no que ser refere à geração de emprego e renda, pode ser dita recuperada em outros dois anos? E volto a indagar: assim sendo, para que serviram os estudos que determinaram a validação do Perse até 2027? Estavam errados todos os elos envolvidos? Todos os stakeholders do sistema Perse estavam equivocados?
Para finalizar, em nome de centenas e milhares de profissionais de eventos representados pelas entidades do setor de turismo e eventos, pedimos um olhar multissetorial para as análises que envolvem o Perse, afinal a TRANSVERALIDADE do mercado de eventos e sua responsabilidade sobre a economia brasileira não podem ser desconsideradas.
Enid Câmara de Vasconcelos é presidente da Abeoc Brasil.
Fonte: Monitor Mercantil