WTTC: 10 orientações para empresas e destinos na retomada das viagens
Gloria Guevara Manzo é a protagonista da Revista PANROTAS desta semana. Uma das autoridades máximas do setor em nível global, a presidente e CEO do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês, concedeu entrevista exclusiva à revista, que você pode acompanhar na íntegra na edição digital disponível no fim desta nota.
União de tudo e todos é a mensagem principal. União, esforço e coordenação do setor público e privado são obrigatórios para superarmos os meses que virão pela frente, mas ela tem muito mais a contar, uma vez que o WTTC vem sendo uma autoridade de peso nesta crise, com lançamento de selos, protocolos de higiene e segurança para todos os segmentos (comércio, hotéis, aeroportos, aviões, cruzeiros, operadoras, agências e outros).
Na lista abaixo, você confere dez destaques da conversa, mas só acessando a Revista PANROTAS e lendo todas as perguntas e respostas você ficará realmente por dentro da visão do WTTC sobre a crise da pandemia do coronavírus em seu começo, meio e…retomada.
1. TODOS JUNTOS
Sem a união de absolutamente todas as partes do Turismo não será possível sair desta crise. Agentes, operadores, fornecedores, guias, motoristas, pilotos, atendentes, ministro, deputados, prefeitos… Ou o Turismo deixa de lado as diferenças e se une ou a crise deixará ainda mais gente e empresas pelo caminho. Nunca antes precisamos tanto da força do #SomosTodosTurismo.
2. ALICERCE DOMÉSTICO
Esperamos por milagres do santo de casa para sair dessa retomada. A recuperação do Turismo no mundo dependerá de um início com viagens mais curtas, domésticas, primeiro porque os consumidores estarão com menor poder aquisitivo para roteiros longos e distantes e segundo porque em seu país as famílias tendem a se sentir confortáveis para o retorno ao “novo normal”. No entanto, coordenação entre as partes é fundamental para que o turista não dê de cara com estabelecimentos e atrativos fechados em meio às férias.
3. CRÉDITO DIRECIONADO
No Turismo, as empresas e os empresários pequenos e médios têm em média um caixa de 25 ou 26 dias, e a preferência é em utilizar esse capital pagando salários, e não impostos. Uma das ajudas fundamentais dos governos para manter o setor tem de ser justamente uma linha de crédito específica e facilitada para que empregos sejam mantidos. Governos que vêm respondendo mais planejadamente e rapidamente a esta crise são os que já mostram sinais de recuperação.
4. PROTOCOLOS UNIFICADOS
Em todas as etapas de uma viagem, independentemente do continente, do país e da cidade, as exigências sanitárias têm de ser a mesma. É de suma importância que da compra da viagem ao embarque, das filas ao acesso ao quarto de hotel, do receptivo ao restaurante, todos os padrões sejam unificados. Discrepâncias neste sentido geram desconfiança no viajante e tardam a recuperação.
De 90 crises estudadas pelo WTTC nos últimos 20 anos, a que mais levou tempo a se recuperar foi a pós-11 de setembro de 2001 (e hoje muitos líderes minimizam aquela crise em comparação à atual). Isso porque cada governo e cada empresa criou seu próprio protocolo de segurança, o que deixou as pessoas confusas e reticentes em viajar. Inspeções precisam ser detalhadas, mas unificadas, e não por iniciativa própria, pois isso pode deixar brechas.
5. TESTES, TESTES E MAIS TESTES
Na maioria dos países, principalmente na Europa, já não faz sentido implementar quarentena obrigatória no atual estágio da pandemia. Talvez no início do lockdown a medida poderia ser válida, mas agora o Turismo precisa é de testes. Apenas uma testagem eficiente e massiva de passageiros aéreos e cruzeiristas, por exemplo, pode dar a segurança de que a curva de contágio vai ao menos se manter estável globalmente. Embarcou para um voo internacional, testou.
6. NÃO ESTIGMATIZAR
O Turismo vai se recuperar mais rapidamente e qualitativamente se o preconceito e a xenofobia forem deixados de lado. A estigmatização esconde as coisas. Vírus não escolhe raça, cor, nacionalidade ou religião. Fronteiras não devem ser fechadas sem embasamento científico, sem dados que justifiquem tal ação.
7. FACILITAR O FLUXO REGIONAL
As viagens regionais devem ser o segundo passo da retomada, depois do doméstico. E para isso, os países vizinhos que têm alto volume de passageiros em trânsito devem facilitar este fluxo. Gloria Guevara sugere um acordo neste nível entre Brasil e Argentina, por exemplo, com inspiração em cases como o corredor criado por Austrália e Nova Zelândia.
8. NAS MÃOS DA CIÊNCIA
Só o lançamento de uma vacina vai poder apontar de vez para uma retomada total e segura. Até lá, continuamos seguindo estritamente os protocolos criados pelo WTTC ao lado das principais entidades do Turismo e as principais autoridades de saúde do mundo.
9. CONTINUE ESTUDANDO
O agente de viagens e o operador ganham importância após a pandemia. As pessoas querem os consultores para que digam a elas que país está aberto, para onde voar com segurança. Está mais difícil simplesmente comprar um bilhete e voar. Agora o valor será muito mais importante, mais relevante, e as agências devem seguir treinando. Assegurar-se que eles também implementem seus protocolos para viajantes, ajudando a proteger e cuidar.
10. MESAS DE TRABALHO
Uma das metodologias mais plausíveis para a união entre setor público e privado é organizar mesas de trabalho, sem deixar ninguém de lado, absolutamente todos os stakeholders. Esse foi o relato dado por Gloria Guevara ao relembrar seu período como ministra do Turismo do México.
O que preocupa? Quais são suas necessidades? A partir daí fazer uma agenda de trabalho, um plano de negócios. Daí saiu o Acordo Nacional do Turismo Mexicano. Algo nesse sentido é fundamental para o crescimento do Turismo no Brasil: uma lista de necessidades, um acordo nacional pelo Turismo pelo qual todos firmem compromisso.
Fonte: Panrotas