Saiba como a cobrança de bagagem afeta as viagens corporativas
[Por Panrotas, 06/06/2017]
Há alguns meses o tema cobrança extra pelo despacho de bagagens nos voos do País vem tomando espaço e criando dúvidas em toda a indústria turística – tanto para quem viaja quanto para quem trabalha no setor. A norma, criada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), passou por uma série de liminares e suspensões durante o período, mas acabou sendo aprovada.
Diante disso, as companhias aéreas no Brasil precisaram definir quais seriam seus critérios de cobrança. Gol, Latam e Azul estipularam o preço de R$ 30 para a primeira mala, pesando até 23 quilos. A Avianca, até o momento, segue sem cobrar, mas pode começar a adotar a medida a partir de agosto.
Muito se fala sobre o impacto que a regra causará em quem viaja a lazer, mas como fica a questão para os viajantes corporativos? Em viagens curtas, principalmente no País, é comum que os colaboradores carreguem apenas uma bagagem de mão. Porém, em deslocamentos mais longas e internacionais muitas vezes mais de uma mala é necessária.
Na edição desta semana do Jornal PANROTAS, dois travel managers de grandes corporações falaram a respeito dos principais desafios que o mercado pode enfrentar. De acordo com gestor de viagens da IBM para América Latina, Marcel Frigeira, as empresas que enviam seus funcionários serão bastante afetadas, principalmente as que têm uma política de escolha de menor tarifa. “Haverá um aumento no número de viajantes declinando a passagem mais barata, pois ele precisará fazer o despacho e ela não dará essa opção”. Para que isso não aconteça, algumas medidas estão sendo pensadas.
Jhonatan Soares
O gestor de viagens da IBM para América Latina, Marcel Frigeira
Uma delas é que as on-line booking tools (OBT) criem uma alternativa na qual seja possível selecionar se haverá envio de malas ou não. Com essa checkbox, apareceriam apenas as tarifas relacionadas à preferência de cada viajante (se ele fará despacho ou não), economizando tempo do gestor ou agência de resolver problemas no pós-compra.
Para o comprador de Viagens Globais da BRF, Daniel Iacomini, ainda há uma série de dificuldades que o mercado enfrenta em termos de tecnologia e adaptabilidade das OBTs. “Nenhuma das ferramentas, até o momento, está 100% pronta para retratar esse novo tipo de tarifa”, afirma. As alternativas já foram discutidas, mas a implementação delas é algo mais difícil de acontecer.
Outra questão é o processo operacional dessa norma, ainda segundo Iacomini. “Por enquanto, não sabemos como será a forma de cobrança, a avaliação das malas, quais entraves isso pode gerar no momento de check-in ou embarque, entre outras dúvidas. Haverá uma balança em cada ponto do aeroporto para pesar as malas de mão? ”, questiona.
Jhonatan Soares
Daniel Iacomini, comprador de Viagens Globais da BRF
A medição das bagagens precisa ser algo simples e que não atrapalhe o fluxo de embarque. Com isso, o método de verificação do tamanho e peso da mala, por exemplo, não pode ser aleatório e nem discricionário. “Um padrão deve ser estabelecido e estar claro a todos para que a experiência no aeroporto não seja ainda mais desconfortável”.
Quanto ao gerenciamento de despesas, cada empresa tem sua característica. Para as que utilizam cartão de crédito corporativo, quanto está se gastando será mais fácil de medir. “Se o viajante compra o despacho no momento do check-in, conseguiremos rastrear. As que faturam poderão ter um problema adicional”, explica Frigeira.
O comprador da BRF acredita que apresentar esse gasto na prestação de contas não será um problema, mas, sim, apenas um item a mais para apresentar. “Vamos aguardar, ver a necessidade de cada viajante e ajustar a política, se for o caso. Essa medida não causará nenhum transtorno ao colaborador, pois a reforçamos internamente e eles acabarão se adaptando”, finaliza.