Os impactos da crise econômica sobre a hotelaria – como driblá-los?
[Por Alexandre Sampaio, Mercado e Eventos, 07/11/2016]
A crise econômica pela qual atravessa o País atingiu também a hotelaria brasileira e levou os estabelecimentos a quedas dramáticas nas diárias corporativas e à escassez de eventos, o que levou à pouca demanda por salas de reuniões para congressos, seminários, treinamentos e até eventos sociais. Como resultado, as dificuldades enfrentadas pelo setor atingem indistintamente a hotelaria de rede e a independente, em quase todos os segmentos do mercado. O final do ano, época de planejamentos, é o período ideal para fazermos uma avaliação sobre o quadro atual do setor no Brasil.
Os estabelecimentos têm reagido, na tentativa de buscar alternativas para driblar o problema, mas, de maneira geral, estamos assistindo a uma diminuição das tarifas médias e do Revpar, a receita por quarto disponível. Na busca por redução de custos, vimos renegociações de contratos, demissão de pessoal e uma disputa fratricida por clientes empresariais, com baixa nos preços e uma competição desenfreada para manter a clientela, dado o assédio da concorrência na busca pelo seu ponto de equilíbrio.
As exceções a este quadro ficam por conta de algumas cidades médias, com características específicas, geralmente localizadas em fronteiras agrícolas, polos educacionais, nichos de tecnologia de ponta, regiões de mineração e municípios ainda com pouca oferta mas com demanda de hospedagem decorrente de um grande cliente majoritário com cadeia de fornecedores ou polo industrial, comercial ou de serviços.
É preciso ressaltar que nem mesmo a escala que grandes grupos ou hotéis de bandeira possuem evitou que os danos da recessão (leia-se redução de tabelas) chegassem, canibalizando as faixas de oferta e prejudicando o todo da corporação. Somam-se a isto os dispêndios com a manutenção de canais de vendas próprios e todo o investimento para a comercialização online e presencial, pois, nestes setores, cortes não são recomendados; e a participação das Online Travel Agencies (OTAs) e outros portais de aglutinação de ofertas, que vêm reduzindo de maneira substancial as margens dos meios de hospedagem.
Há ainda a concorrência predatória e informal do Airbnb e similares, que reduz o mercado em uma disputa desleal que não necessariamente contribui para destino, pois leva o nível da precificação do pernoite para baixo. E, em adicional, a superoferta oriunda da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos desequilibrou o negócio, piorando todo o quadro.
Como não há perspectiva de melhora rápida da economia, a conjuntura adversa levará à venda de unidades, fechamento de prédios, devolução de arrendamentos e à redução de quartos.
Em um cenário de tantas indefinições, há uma certeza: na crise, sobreviverão aqueles que se aperfeiçoarem na gestão e conseguirem enxergar oportunidades.