Mais de 80% das empresas da indústria de eventos são PMEs
[Por DCI, 15/10/2014]
A indústria de eventos é um dos setores do mercado que mais mobiliza as micro e pequenas empresas (MPEs). Juntas, elas representam mais de 80% do segmento, que só em 2013 faturou R$ 209,2 bilhões, o equivalente a 4,3% do Produto Interno Brasileiro (PIB).
Com a retração econômica e a realização da Copa do Mundo, a perspectiva do mercado desacelerou em 2014. Mas, mesmo assim, a previsão é que em 2015 o crescimento acelerado seja retomado. “Apesar do ano atípico, a expectativa é que no próximo ano o setor consiga acelerar novamente e, desta forma, vai impulsionar toda a cadeia produtiva”, afirma o gerente das unidades de comércio e serviços do Sebrae, Juarez de Paula.
No último ano foram realizados mais de 590 mil eventos no País, de acordo com o 2° Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos no Brasil, divulgado ontem pelo Sebrae e pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc). Foram reunidas mais de 202 milhões de pessoas e gerados 7,5 milhões de empregos – apenas 132 mil diretos. A maior parte do setor é composto por profissionais indiretos (4 bilhões) e terceirizados (1,7 bilhão).
A questão da força de trabalho, aliás, chama a atenção. “O setor deve começar a investir mais em sua mão de obra efetiva”, afirma o diretor da promotora de eventos RV+ e presidente da Abeoc-SP, Osvaldo Barbosa.
O empresário explica que uma das estratégias utilizadas pela empresa para resistir à recessão foi investir em mão de obra. A agência tem 26 funcionários efetivados, mas durante eventos são contratados temporários. “Em uma empresa de serviços, o investimento em pessoal adequado deve ser prioridade”, ressalta. Barbosa explica ainda que a fidelização dos contratantes é ideal para evitar dificuldades econômicas: “Hoje, se a empresa de evento conseguir manter um calendário fixo, isso pode evitar problemas em seu giro de caixa”.
Gastos
Os visitantes dos eventos têm sido os maiores propulsores do mercado. A receita gerada por eles em 2013 foi R$ 99,25 bilhões. Cerca de R$ 86,6 bilhões foram gastos por não-residentes das cidades sedes. Os outros R$ 12,56 foram de residentes. Entre os participantes que não moravam nos locais, a hospedagem representou o maior volume de gasto (55%) com 47,85 bilhões.
Alimentação e bebidas representaram faturamento de R$ 17,92 bilhões (21%). Transporte contou com R$ 11,8 bilhões (14%). Já entre os participantes de eventos que residem na cidade-sede, os maiores gastos realizados foram no segmento de alimentos e bebidas (48%) com R$ 5,97 bilhões, seguido por gastos com transportes (32%), com R$ 4 bilhões.
Espaços
Ainda segundo o relatório, os tipos de eventos mais realizados nos espaços têm sido os socioculturais (78,7%), as reuniões (72,2%), as convenções (48,8%), congressos (38,9%), os eventos mistos (33%) e as feiras (18,8%). Seguidos ainda por eventos esportivos (18,8%) e exposições rurais e leilões (8,3).
Os espaços para eventos com maior número de oferta no País são os bares e restaurantes com 1,7 mil locais, seguido pelas casas e salões de festas com 1,4 mil espaços, hotel e meios de hospedagem com 1,6 mil, clubes, ginásios e arenas com 964, institutos de ensino com 829, casa noturna, com 750, teatros e auditórios com 670.
Já os locais com menor representação entre os espaços, mas com grande potencial de crescimento são os centros de convenções e exposições com 153 e museus, sítios e chácaras com 446 e centros culturais com 409. “Temos carência de certos espaços com muito potencial dentro do mercado. O nosso desafio deve ser incentivar e investir nos setores produtivos que envolvam estes espaços”, explica o secretário do Ministério do Turismo, Vinicius Lummertz.
A Região Sudeste foi o território com o maior número de eventos realizados, com 52% do total. Depois vêm Nordeste, (20%), Sul (15%), Centro-Oeste (9%) e Norte (4%). A receita gerada com locações de espaços desses eventos foi de R$ 19,88 bi no Sudeste, R$ 9 bilhões no Sul, R$ 5 bilhões no Nordeste, R$ 1 bilhão no Centro-Oeste e R$ 790 milhões no Norte. No total, a receita anual com locações de espaços foi de R$ 37,81 bilhões, dos quais R$ 17,75 bilhões eram para áreas de reuniões e R$ 20 bilhões para feiras de negócios.
Marketing
Ainda segundo o estudo da Abeoc, o meio de comunicação mais utilizado para a divulgação dos eventos é a internet. Mais de 84,4% das organizadoras utilizam sites, seguido pelas redes sociais (66,5%) e o e-mail marketing (46,6%).
“A cultura de divulgação mudou. Os representantes de venda estão perdendo espaço. Antes representavam a maior estratégia de divulgação e hoje são 34,4%”, analisa o coordenador da pesquisa e coordenador do Observatório do Turismo, Osiris Marques.
Outras ferramentas utilizadas pelo setor são: as revistas (30,3%), as malas diretas (28,8%), jornais (24,8%), a rádio (18,2%), a televisão (14,5%), outdoor (14,4%), outros (14%) e mobile (7,9%). “O investimento em publicidade segmentada é o principal fator de interferência na hora de combater uma recessão”, afirma o gerente do Sebrae, Juarez de Paula.
Internacionalização
Ainda segundo o estudo, apenas 4,4% dos eventos foram de âmbito internacional. Para o representante do Sebrae, diferente da Copa do Mundo, a realização da Olimpíada de 2016 deverá trazer ao País visibilidade sem desaceleração das empresas da indústria de eventos.
“Um exemplo são as fusões e aquisições das empresas internacionais com as nacionais. Com a Copa do Mundo, as empresas se interessaram pelo mercado brasileiro. Agora com a Olimpíada, isso vai aumentar ainda mais”, acredita.
Em entrevista exclusiva ao DCI, o gerente do Sebrae explicou que nos últimos meses quatro empresas internacionais de eventos iniciaram as negociações para compra e fusão com empresas brasileiras.
Regime tributário
A indústria de eventos arrecadou em 2013, em impostos, R$ 48,7 bilhões. O Simples Nacional é o principal regime tributário dos espaços de eventos, com 56,3% dos empreendimentos. O mesmo ocorre entre as organizadoras, que possuem 67,5% empresas no regime.