Hoteleiros dizem-se surpresos com número de desbloqueios da Fifa
[Por Hôtelier News, 07/02/2014]
As negociações entre a Match Hospitality AG – empresa detentora dos direitos do Programa de Hospitality da Fifa – e os hoteleiros nacionais vem se desenrolando desde a confirmação do Brasil como sede da Copa do Mundo, em 2007. Desde então, foram estabelecidos contratos e realizados bloqueios em diversos meios de hospedagens das 12 cidades-sede do mundial.
Conforme o regulamento, a empresa poderia devolver os leitos reservados antecipadamente sem contrapartida aos hotéis. Sendo assim, no final do mês passado, muitos hoteleiros viram seus empreendimentos vagos, a menos de quatro meses da realização da Copa. Como já noticiado pelo Hôtelier News, um dos piores cenários foi verificado em Natal, onde das 10 mil acomodações bloqueadas, 5 mil foram devolvidas.
Outra sede que se viu prejudicada com a decisão da Fifa foi Porto Alegre. Segundo a ABIH-RS (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul), o índice de cancelamento pode chegar a 40%.
“No total, 30 hotéis assinaram com a operadora no RS, garantindo reservas em Porto Alegre, Região Metropolitana e Serra. Nos hotéis Plaza, São Rafael e Plazinha, do total de 350 apartamentos destinados à empresa da Fifa – quase 80% da rede – cerca de cem foram retornados”, afirma Carlos Henrique Schmidt, presidente da entidade.
Em Curitiba, que ainda sofre com a ameaça de não participar da competição por conta dos atrasos nas obras do estádio Arena da Baixada, os desbloqueios chegam a 25% dos leitos previamente reservados.
“O comunicado da Fifa nos pegou de surpresa e agora os hoteleiros terão de se reprogramar. Sabíamos que eles poderiam desbloquear alguns leitos, mas não imaginávamos que esse índice poderia ser tão alto”, afirma Henrique Lenz Cesar Filho, presidente da ABIH-PR (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Paraná).
Segundo o gestor, o sorteio das chaves não favoreceu a cidade de Curitiba, que vai receber apenas uma seleção de expressão no futebol mundial. A capital paranaense será sede das disputas entre Irã e Nigéria, Honduras e Equador, Austrália e Espanha, e Argélia e Rússia.
No Recife, sede que receberá partidas de seleções tradicionais como Itália e Alemanha, as devoluções variam entre 20% a 25%. Na opinão de Carlos Mauricio Periquito, diretor-executivo da ABIH-PE (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Pernambuco), é difícil falar sobre o desdobramento da Copa para o setor. “O evento ainda segue como uma incógnita para muitos profissionais que nunca vivenciaram a experiência do País como sede”, resume.
Situação inversa
Na contramão desses cenários estão São Paulo e Rio de Janeiro. A capital paulista teve solicitações de desbloqueios em apenas uma data e ainda está recebendo pedidos de reservas de leitos adicionais.
“Houve devolução das reservas somente no dia da partida entre Bélgica e Coreia do Sul, num equivalente de 30% das acomodações. No restante das datas não tivemos desbloqueios, e na abertura, no dia 12 de junho, e durante as semifinais, recebemos pedidos de leitos extras, devido à alta procura”, revela Bruno Omori, presidente da ABIH-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo).
O cenário no Rio também está bem diferente das outras cidades. Para os dias de jogos até o momento não houve devolução, e a ocupação estimada é de pelo menos 90%, especialmente entre os empreendimentos de quatro e cinco estrelas.