Bandas de baile preservam a tradição de animar eventos
[Por A Tarde, 27/08/2013]
Quando a banda começa a tocar, é sinal de que o baile começou. Na Bahia, os grupos formados na década de 60 para agitar os clubes do interior se consagraram como bandas de baile e muitas ainda mantêm, até hoje, o mesmo propósito inicial: fazer a festa.
Agora, com a maioria dos clubes já fechados, os bailes migraram para as cerimônias de casamento, confraternização de empresas, encontros familiares e uma variedade de eventos.
“Hoje os espaços de clube são poucos, os clubes se renderam aos grandes locais de evento. Mas ainda existe muito baile”, diz Clóvis Leite, popularmente conhecido como Kocó, líder artístico e cantor da banda Lordão.
Histórias
Entre as mais antigas bandas de baile do estado estão a Oliveira e a Lordão. Esta última nasceu em Itabuna, quando o Nelson Muniz, dono do famoso Lord Hotel – primeiro hotel da cidade – decidiu criar uma casa de espetáculo chamada Casa Lord, em 1962.
Com o espaço, surgiu o Lord Ritmos, criado para ser o grupo da casa. Porém, como na cidade existiam três grupos com nomes parecidos (Lord Ritmos, Lord Show e Lord Mirim), algumas pessoas ficavam confusas para identificar. Até que o radialista Orlando Cardoso anunciou o Lord Ritmos como “Lordão”. E assim ficou até hoje.
A banda Oliveira, ainda mais velha, formou-se em 1960 como Oliveira e Seu Conjunto, em Castro Alves, onde estrearam na Festa das Rosas e depois passaram a fazer shows no Lions Clube, mudando para o nome atual somente em 1990.
Segundo José Oliveira, fundador e ex-saxofonistada banda, os ritmos mais populares eram o bolero e o samba. “O pessoal ia pra festa pra dançar”, diz.
Versatilidade
“Organização e bom repertório” são destacados por Oliveira como características fundamentais para uma boa banda baile. E quando se trata desses fatores, elas são bem versáteis.
A maioria dos grupos reúne muitos músicos, mas a organização se adequa ao evento, podendo incluir ou não dançarinos e backing vocals, por exemplo. Esse é o caso da banda Neutro Leve, que possui diferentes formações de banda (pocket, reduzida e completa), adaptadas ao espaço, público e pretensões do cliente.
O playlist também é variável. “A gente discute o repertório para aliar o que o cliente deseja com o sentido de baile”, diz Rejane Sodré, empresária da Neutro Leve. Ela acredita que a “banda baile não tem cara”, já que os integrantes não são famosos, não restringem gêneros musicais e se realizam por proporcionar o entretenimento.
Já a Lordão não abre mão de levar a banda completa, com 15 músicos, para qualquer evento. “Mesmo tocando arrocha, pagode, axé, que são músicas diferenciadas das de antigamente, que eram com mais harmonia e mais arranjos, a gente sempre procura enriquecê-las com nosso toque musical diferenciado”, diz Clóvis.
Mercado
A empresária da Neutro Leve diz que grupos com um gênero musical único foram ganhando espaço pelo menor custo de produção, já que têm menos integrantes e menos instrumentos. Outro fator ressaltado por ela é que “os ritmos foram surgindo e às vezes as pessoas querem bandas específicas”, ao invés das que tocam tudo, como as de baile.
Mas o trabalho continua intenso, apesar desses movimentos contrários no mercado. A Neutro Leve faz uma média de quatro shows por mês, principalmente nos finais de semana, variando de acordo com a época. E a banda Lordão faz uma média de nove shows mensais, incluindo viagens para outros estados.
“A gente está disponível o ano todo”, diz Clóvis, que ensaia toda semana com a banda para estar presente “de janeiro a janeiro”, até quando houver festa para animar.