Turismo para competir
[Artigo de Jeanine Pires*, Fecomercio, 03/09/2012]
De janeiro a maio de 2012, os turistas estrangeiros deixaram no Brasil US$ 3,009 bilhões (volume 7% acima em comparação a 2011). Em contrapartida, os brasileiros gastaram US$ 9,019 bilhões em viagens internacionais, déficit equivalente ao dobro do que entrou de dólares no país.
Para 2012, o World Travel & Tourism Council (WTTC) adequou sua estimativa de crescimento global de 2,5% para os atuais 2,3%, porcentagem ainda positiva frente à crise europeia e a lenta recuperação americana.
A América Latina se destaca entre os destinos que devem receber mais visitantes, com expectativa de desempenho cerca de 5% maior se comparado a 2011. O Brasil precisa tirar proveito dessa conjuntura e oferecer um ambiente mais atrativo para o estrangeiro (além das belas paisagens, da receptividade e do clima tropical).
Conquistar a chance de realizar aqui Copa do Mundo e Jogos Olímpicos trouxe mais visibilidade ao país e, por algum tempo, é certo de que vamos colher bons frutos no setor do turismo.
Porém, para alavancar os resultados e equilibrar a balança, é essencial avançar nos temas de infraestrutura, segurança pública e qualificação profissional, aproveitar as oportunidades para realizar mais eventos de sucesso e garantir mensagens globais sobre os progressos do país.
A economia mundial encontra respaldo no turismo, razão pela qual os países mais bem estruturados e que têm no segmento um canal eficiente de criação de divisas estimulam ações pró-turismo, com políticas estratégicas e serviços que caracterizam a preocupação em especializar a mão de obra.
Outro fator que mostra robustez para interferir no saldo do turismo é o câmbio. As variações registradas em março e abril impactaram nos gastos do brasileiro e forçaram quedas de 1,11% e 7,57%, respectivamente.
Maio voltou a ter alta, a maior para o mês na série histórica. Tal circunstância revela como o dólar mais caro deixa aflita a faixa menos remunerada da população, que segura gastos, reprograma excursões e até troca um passeio no exterior por viagens domésticas, mudança de planos que favorece a economia local, pois mantém a circulação do dinheiro em território nacional.
Segundo o WTTC, do montante que o turismo brasileiro impacta no PIB, 95% é resultado dos gastos dentro do país, retificando a relevância econômica da atividade.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) e o WTTC sensibilizaram as lideranças mundiais e reforçaram que providências como a redução da burocracia de fronteira e a facilitação de vistos já bastam, por exemplo, para originar cerca de 5 milhões de novos empregos.
E com a recuperação da economia mundial, daria ainda para contabilizar outros 122 milhões de postos de trabalho e um valor adicional de US$ 206 bilhões de gastos de turistas.
No ambiente de colaboração mundial, líderes do G-20 deram um passo importante para considerar a indústria de viagens e turismo como uma das atividades com grande capacidade de resiliência ou de geração de empregos e divisas.
Assim, operações macro e pontuais permitem incluir mais rapidamente o segmento no grupo de atividades que geram trabalho e receita, uma das alternativas para o Brasil se fortalecer diante dos desafios que já aportam por aqui.
*Jeanine Pires é Presidente do Conselho de Turismo e Negócios da FecomercioSP
Artigo publicado no jornal Brasil Econômico pág 03 14/08/12