Cidades da Copa não têm destinação correta do lixo
[Por Fecomércio, 17/04/2012]
O Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), reuniu, no último dia 16, representantes do Ministério do Meio Ambiente, especialistas em sustentabilidade e entidades do setor para analisar como o Brasil lidará com os resíduos sólidos gerados em decorrência da Copa de 2014.
O presidente do Conselho de Sustentabilidade, José Goldemberg, ressaltou que ações adotadas para receber os jogos de futebol servirão de exemplo para que as cidades-sede, posteriormente, tenham uma política mais séria em relação aos resíduos orgânicos e recicláveis. “A reciclagem ainda é incipiente nos estados brasileiros, mas eu creio que, até 2014, haverá uma tomada de consciência importante porque, não é só a Copa. Ela vai deixar consequências. Se for feito um trabalho adequado, isso permanecerá após o evento”, opina.
O exemplo da cidade de Natal foi exposto durante as discussões. A capital do Rio Grande do Norte (RN), com 800 mil habitantes, implantou medidas de conscientização e de facilitação da coleta seletiva. A população, que deve chegar a dois milhões durante os jogos, tem pontos de coleta de materiais recicláveis em diversos bairros, além da coleta programada, realizada nas residências.
O gerente de meio ambiente da Companhia de Serviços Urbanos de Natal, Heverthon Jerônimo da Rocha, defende que os governos municipais devem oferecer lixeiras e pontos de recebimento de materiais adequados. “Nós temos programas de descarte de pneus, de recicláveis e de resíduos de construção, mas quando chegarmos às residências das pessoas e falarmos sobre coleta seletiva, elas nos perguntam onde devem descartar os materiais. Isso é papel dos gestores públicos”, alerta.
O prazo com que os projetos têm sido realizados é um dos fatores de maior preocupação. Diferente da cidade de Natal, outras cidades-sede, como São Paulo e Rio de Janeiro, ainda estão bastante atrasadas.
O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Nabil Bonduki, destacou o papel dos governos municipais que nem sempre é cumprido. “É uma ilusão acharmos que, em dois anos, teremos níveis adequados de coleta e reciclagem. A Comunidade Europeia levou 15 anos para chegar a um índice satisfatório.”
Quem está nas ruas, em contato com a realidade, acompanha de perto a lentidão com que os projetos têm sido desenvolvidos. Roberto Laureano Rocha, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), avalia que, também nessa área, os preparativos estão atrasados. “A meta é que, até 2014, ocorram mudanças significativas, mas a vontade política dos gestores locais precisa avançar. Tudo está muito devagar. São Paulo, por exemplo, não tem nem 6% de coleta seletiva”, explica.