Secretário municipal da Saúde de SP prevê pico de Covid semelhante ao de abril deste ano nas próximas semanas na cidade
O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse nesta segunda-feira (7) que a cidade deverá enfrentar um pico de internações e casos de Covid nas próximas semanas semelhante ao registrado no mês de abril deste ano, considerado o período mais letal da pandemia.
“Nossa equipe de planejamento imagina que por volta do dia 17 nós podemos ter uma taxa de ocupação semelhante àquela que foi no pico da segunda onda no mês de abril. Portanto, é um momento de preocupação da volta da circulação das pessoas como se já não estivéssemos mais em pandemia na nossa cidade”, disse ele em entrevista ao Bom Dia SP.
Aparecido defendeu que a situação é alarmante, uma vez que o índice de ocupação de leitos para pacientes não-Covid está acima de 90%, ou seja, há risco de colapso no sistema de saúde por falta de vagas.
“Dessa vez, nós estamos com um problema grave. Tanto as taxas de ocupação dos leitos Covid como não-Covid, todas elas muito muito altas. Então, aquele trabalho de reversão de leitos, convertendo leitos não-Covid para Covid e vice-versa, nós estamos muito no limite disso”, afirmou.
Até o final do mês, a gestão municipal deve ampliar o número de leitos na rede. Entretanto, Aparecido defende que com a lentidão no processo de imunização da população e a baixa adesão às medidas de isolamento social, a medida não será suficiente para atender a demanda.
“Nós vamos abrir agora mais 250 leitos de UTI até o dia 20 de junho, mas isso tudo vai se tornando insuficiente se nós não conseguirmos fazer uma transição nesse momento que nós estamos vivendo para o processo de vacinação, de imunização de toda a população. Nós teremos sem dúvida nenhuma situações muito difíceis na rede, no sistema de hospitais da nossa cidade”.
Neste final de semana, cenas de aglomeração e desrespeito ao uso de máscara foram registradas em diversas regiões. No domingo (6), centenas de pessoas foram flagradas na Rua Peixoto Gomide, no Centro da capital.
Expectativa de imunização
Na avaliação do secretário, a cidade deve atingir um índice mais elevado de imunização da população somente no final do ano.
“Seguramente, só em dezembro nós teríamos algo muito avançado, ou seja, um processo de universalização de tomada da vacina”, disse.
Aparecido também afirmou que novos lotes de vacinas da Pfizer e da farmacêutica Janssen devem ser enviados pelo Ministério da Saúde até o início do próximo mês.
Ainda segundo o secretário, a gestão municipal foi orientada a destinar as doses da vacina da Janssen, que a imunização é feita com apenas uma dose, e CoronaVac, que tem intervalo mais curto entre a primeira e a segunda dose, para imunização dos profissionais da educação, para que garantir maior segurança nas aulas presenciais.
“Recebemos, a princípio, uma orientação, inclusive do estado, para que possamos aplicar a CoronaVac nos professores para que o intervalo de 28 dias possa se aplicar a segunda dose e os professores voltarem às aulas. A Janssen pode eventualmente ser utilizada nesse contingente: quer dizer, como ela é uma única dose, nós poderíamos utilizar nos professores que ainda não tomaram a vacina, com menos de 47 anos, para que eles possam retornar com tranquilidade na volta às aulas.”
Novos grupos
A Prefeitura de São Paulo começou a vacinar contra a Covid-19 grávidas e puérperas (mulheres que tiveram filhos nos últimos 45 dias) acima de 18 anos sem comorbidades nesta segunda-feira (7).
Antes, eram imunizadas somente grávidas e puérperas com doenças preexistentes definidas pelo Plano Nacional de Imunização (PNI).
Além disso, também começaram a ser imunizados nesta segunda-feira as pessoas com comorbidades ou com deficiência permanente (beneficiários do BPC) e idade entre 18 a 29 anos na capital. Este píublico é estimado em 550 mil pessoas em todo o estado.
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Segundo o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), a vacinação de gestantes e puérperas será feita apenas mediante a apresentação de um relatório médico.
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A prescrição médica deve ser apresentada nas unidades de saúde, assim como um comprovante de residência. As gestantes e as puérperas serão imunizadas com doses de Pfizer e CoronaVac, já que a AstraZeneca não é recomendada para o grupo.
Segundo a administração municipal, a estimativa é a de que 100 mil gestantes e puérperas sejam imunizadas na capital.
Além da cidade de São Paulo, os municípios de Campinas e São Bernardo do Campo também iniciam a imunização das gestantes e puérperas sem doenças preexistentes nesta segunda. O restante do estado, segundo anunciou o governador João Doria, vai imunizar este grupo a partir de 10 de junho.
De acordo com a OMS, não há, ainda, nenhuma evidência de que mulheres lactantes ou seus bebês corram risco elevado de covid-19 grave — Foto: Getty Images via BBC
Mães com comorbidades
Nesta segunda (7), também começaram a ser imunizadas contra a Covid-19 as mães com comorbidades e que amamentam bebês de até um ano na capital paulista.
Para a vacinação, as mães deverão apresentar certidão de nascimento da criança, que terá de ser entregue junto com o atestado de comorbidade.
A imunização começará com os lotes recém-chegados das vacinas AstraZeneca e Pfizer, até que novas doses de CoronaVac também estejam disponíveis.
De acordo com o secretário, a estimativa é de que haja 28 mil lactantes com crianças de até um ano na capital paulista.
Comorbidades incluídas na vacinação
Os critérios de comorbidade seguidos tanto pela Prefeitura de São Paulo, quanto pelo governo do estado, foram definidos pelo Ministério da Saúde:
Insuficiência cardíaca
Cor-pulmonale e hipertensão pulmonar
Cardiopatia hipertensiva
Síndrome coronariana
Valvopatias
Miocardiopatias e pericardopatias
Doença da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
Arritmias cardíacas
Cardiopatias congênitas no adulto
Próteses valvares e dispositivos cardíaco implantados
Diabetes mellitus
Pneumopatias crônicas graves
Hipertensão arterial resistente
Hipertensão artéria estágio 3
Hipertensão artéria estágio 1 e 2 com lesão e órgão alvo
Doença cerebrovascular
Doença renal crônica
Imunossuprimidos (inclui câncer)
Anemia falciforme
Obesidade mórbida
Cirrose hepática
Portadores do vírus HIV.
Fonte: G1