Debates do Fórum Eventos 2013 fazem um paralelo da indústria de eventos
[Portal Eventos, 05/04/2013]
Cerca de 500 profissionais dos setores de eventos, marketing e turismo participaram dos debates do primeiro Fórum Eventos, realizado pela Eventos Expo Editora e parceiros nos dias 1 e 2 de abril, no Caesar Park Faria Lima. O Fórum que contou com a presença de grandes palestrantes nacionais e internacionais, da vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão, do Secretário de Turismo de Vitória, Paulo Renato Fonseca, teve como âncora o empresário, palestrante, professor e autor, Carlos Alberto Júlio e a contribuição do público nos painéis foi bastante enriquecedora.
“Conseguimos fazer um Fórum transversal que, apesar de não se aprofundar demasiadamente em alguns assuntos, atingiu seu objetivo, porque tratou com seriedade o assunto evento. Tratou de questões sobre segurança, representatividade, a importância da feira no comercio exterior, ou seja, fomos buscar assuntos diversos, cada um com sua particularidade e importância, de tal forma que me deixou muito satisfeito ver que, depois de praticamente 20 horas de evento, em dois dias, a sala estava quase lotada às 19h30 do segundo dia. Tivemos cerca de 200 profissionais que ficaram praticamente 20 horas imersos naquela adquirência de conteúdo. Isso nos dá a sensação de dever cumprido, de ter atingido o objetivo principal, que foi fazer uma radiografia do setor, mostrar a importância desse setor para o mercado”, avalia Sergio Junqueira Arantes, diretor da Eventos Expo Editora.
As diferenças entre o setor de eventos nos Estados Unidos e no Brasil marcaram as discussões do primeiro painel, que falou sobre a Importância das Feiras para o Desenvolvimento Econômico e do Comércio, ressaltando o crescimento do setor nos Estados Unidos, mesmo em meio à crise econômica mundial e à disputa de espaço com a competitividade chinesa e aos desafios que o setor enfrenta no Brasil. David DuBois, presidente da International Association for Exhibitions and Events (IAEE), foi um dos principais palestrantes desse tema e falou que, nos EUA, os eventos têm sofrido algumas mudanças: as grandes feiras têm perdido espaço enquanto a interatividade e a experiência do visitante passam a ser itens cada vez mais importantes. Já no Brasil, um dos principais desafios para o desenvolvimento do setor continua sendo as questões tributárias e referentes à infraestrutura. O painel também contou com a participação de Wanira Salles, diretora da Francal, Juan Pablo De Vera, presidente da Reed Alcantara Machado e Jorge Alves Souza, diretor superintendente do Grupo Couromoda.
Sue Tinnish, presidente da E60. 02, da ASTM Internacional abriu o painel sobre Gestão Sustentável de Eventos apresentando as organizações americanas que tratam da regulamentação de normas sobre sustentabilidade, especificamente voltadas para o setor de eventos. E explicou que as normas de sustentabilidade buscam tornar os eventos não somente sustentáveis, mas também economicamente viáveis, além de levarem em conta o aspecto social. O painel também teve a participação de Fernando Beltrame, sócio presidente da Eccaplan Consultoria em Desenvolvimento Sustentável, que falou sobre a importância da transparência das empresas e a preocupação com o uso consciente dos recursos no planejamento de eventos. Sua explanação trouxe cases reais de eventos mais sustentáveis, como o Show do Elton John em São Paulo, o Fórum Mundial de Sustentabilidade em Manaus, a Rio + 20 e a Conferência do Clima da ONU. Flávia Goldenberg, sócia diretora da Sob Medida Gestão em Sustentabilidade, enfatizou ainda que a qualidade de vida das pessoas no futuro dependerá de como cuidamos do nosso planeta no presente. Já Andrea Moreira, diretora do Instituto Humanitare, ressaltou a importância de se falar em sustentabilidade pensando no lucro a longo prazo e na fidelização do cliente.
No Brasil, 330 mil eventos acontecem todos os dias. Nada menos que 30 são realizados a cada dez minutos. Seguindo essa tendência, o que o futuro reserva para a indústria de reuniões corporativas foi o debate que norteou os palestrantes no painel O Futuro da Indústria de Eventos. O argentino Gonzalo Perez Constanzo, presidente da IAPCO (International Association of Professional Congress Organizer) ressaltou que as 2.607 reuniões da empresa que ocorreram ano passado representam grande contribuição para a economia, cultura e comunicação de cada lugar onde ocorrem os eventos, destacou a importância da América Latina, mas enfatizou que ainda há muito para crescer. “Construímos hotéis, temos boa infraestrutura, mas faltam serviços adequados”. Para Marina Pechlivanis, diretora da Umbigo do Mundo, para que o futuro seja promissor para as empresas e seus eventos corporativos é preciso enfatizar cinco aspectos: proximidade, tecnologia, boas causas, pertinência e consistência porque “uma marca é aquilo que ela oferece”. Roosevelt Hamam, da R. Hamam Eventos lembrou que o setor de eventos está em constante crescimento no Brasil e, por isso, novas práticas devem ser estimuladas. E o presidente da Reed Alcantara Machado, Juan Pablo De Vera, comentou sobre a relação entre o cliente e a empresa e a necessidade do consumidor de ser individualizado, ter suas necessidades atendidas e também de deixar sua opinião.
No painel Tecnologia em Eventos, Corbin Ball, fundador da Corbin Ball Associates, ressaltou as três principais mudanças tecnológicas que já estão acontecendo: o gerenciamento de eventos e feiras pela internet, o que os tornou mais rápidos, baratos e fáceis de desenvolver; a maneira como as mídias sociais vão transformar a forma como os eventos são gerenciados e promovidos; e que a tecnologia vai ser cada vez mais utilizada em reuniões, já que as pessoas vão ter mais dispositivos móveis. E foi justamente sobre o uso de aplicativos que tratou a palestra de Joseph Lo, diretor da Encore Web Studios, que destacou como a tecnologia móvel pode ser usada para organizar reuniões ou eventos, aumentando o interesse dos participantes, a troca de informações em tempo real e a otimização do tempo.
O painel sobre Marketing X Concorrências X Compras encerrou os debates do primeiro dia de Fórum Eventos, fazendo um convite à mudança de atitude. Clientes, fornecedores e agências concordaram que é preciso ter mais ética nos processos de concorrências e que a concorrência predatória precisa ser banida do mercado. Os participantes concordaram ainda que as concorrências predatórias prejudicam não somente as agencias, mas também o cliente, que tem seus custos onerados e a qualidade dos trabalhos apresentados aquém do que seria possível, ou desejado. A necessidade de um maior envolvimento do profissional de compras em todo processo de criação e desenvolvimento do evento, inclusive na entrega, foi uma das conclusões do painel, que contou com a participação de: Beatriz Galloni, vice-presidente de marketing da MarterCard; Chris Ayrosa, Chris Ayrosa Associados; Fernando Figueiredo, Talkability Group/Bullet; Fernando Guntovitch, Sócio-diretor The Group e vice-chairman da WPI; Gilberto Perussi, CEO da Memories Eventos Especiais e criador do CARE – Cadastro de Registro de Eventos, Projetos e Ideias – lançado durante o Fórum; Mauricio Magalhães, sócio presidente da Agência Tudo; Patrícia Távora Junqueira Arantes, Superintendente de Marketing da Liberty Seguros; Ricardo Telles Souza, da Amex; e Scher Soares, Presidente do Grupo Triunfo.
Segundo dia de Fórum Eventos 2013
O painel Evento Seguro iniciou as atividades do segundo dia do Encontro, e foi bastante debatido, tendo como gancho a tragédia recente na boate Kiss, em Santa Maria-RS. O português Antônio Manuel Brito, diretor da New Events Global disse que a segurança é um dado adquirido, portanto, é preciso avaliar e gerir todos os riscos de um evento. Na discussão também esteve Igor de Mesquita Pipolo, sócio-diretor da Núcleo Inteligência e assessor de segurança da vice-presidência da Fiesp. O painelista preferiu tocar nas raízes do problema e comentou o conceito de segurança privada, que nasceu no Brasil em 1967. No entanto, ele considera que o conceito de segurança patrimonial já está ultrapassado, uma vez que hoje ela precisa ser baseada em estratégias. “Segurança não pode ser só a figura de um homem vestido de preto na porta do evento, ela precisa abranger todas as esferas. A inteligência supera a força”. O terceiro palestrante a comentar o assunto foi o advogado Otávio Novo, que atua na área de Segurança e Riscos da Hotelaria Accor. Segundo ele, para que um evento seja seguro é preciso contar com as autoridades públicas, local, organização e participantes. A professora e titular da cadeira de Segurança em Eventos da Universidade Anhembi Morumbi, Andrea Nakane, destacou que o principal problema que gera os riscos é a falta de conhecimento das ações. Para ela, o amadorismo ainda prevalece em percentuais elevados quando o assunto é segurança. Finalizando o painel, a palavra foi de Sérgio Pasqualin, diretor da Expo Center Norte, que acredita que a segurança passou a ser destacada a partir da necessidade de fazer eventos de grandes proporções.
No painel sobre Governança, Articulação, Accountability e Transparência dos Eventos, Andrea Moreira, diretora do Instituto Humanitare, explicou que para que haja governança corporativa é necessário que alguns pré-requisitos sejam cumpridos: transparência no gerenciamento, a equidade, oferecendo um tratamento justo a todas as partes interessadas, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa, que zela pela sustentabilidade e pela longevidade. Ana Carolina Medeiros, presidente do Skal, destacou ainda a necessidade das pequenas e médias também aplicarem os princípios de governança corporativa, especialmente a prática da ética em todos seus aspectos e amplitude.
O debate sobre Mega Eventos foi comandado por José Estevão Cocco, da Academia Brasileira de Marketing Esportivo, com Fernando Prestes Maia, da UpGrade Hospitality e Nádia Campeão, vice-prefeita de São Paulo como companheiros de mesa. J. Cocco iniciou e concluiu sua intervenção com a provocação: “A bola está pingando na área: é só chutar”. E ampliou o espectro desses megaeventos: “Copa e Olimpíada não se resumem ao restrito período dos jogos; há mais oportunidades antes e depois destes eventos, do que durante os mesmos”. Revelou, ainda, estudo do Sebrae que conclui que a Copa cria oportunidades para 1.200 atividades. Segundo ele, o “sportainment”, neologismo que agrega esporte e entretenimento, é a indústria que mais cresce no mundo há mais de uma década. Movimenta US$ 1 trilhão, sendo US$ 300 bi só com o esporte, dois terços concentrados no futebol. Fernando Prestes Maia salientou que, apesar de gerarem muito menos impacto na mídia, há muitos outros megaeventos além da Copa, da Olimpíada, como os Jogos Mundiais Militares de 2011, a Jornada Mundial da Juventude e a Copa das Confederações, este ano, a Convenção Mundial do Rotary Club, em 2015, a Expo 2020 e as festividades pelos 200 anos da independência, em 2022.
Já a vice-prefeita de SP, Nádia Campeão, compartilhou informações sobre o andamento da campanha da Capital para sediar a Expo 2020, que traz como tema a “Força da Diversidade, Harmonia para o crescimento” e enfatizou que a proposta da Prefeitura e do Governo do Estado é de manter a iniciativa da construção do novo pavilhão de exposições em Pirituba/SP, mesmo que a cidade não vença a concorrência para sediar a Expo. São Paulo concorre com outras quatro cidades para receber este, que é um dos maiores eventos mundiais: Ayutthaya (Tailândia), Dubai (Emirados Árabes), Esmirna (Turquia) e Iekaterinburgo (Russia).
Ações que projetam o futuro foi o tema do nono painel do Fórum Eventos 2013. De acordo com o pensamento dos painelistas, o futuro da indústria de eventos tende a atrair a juventude, motivar participantes e organizadores, aliar novas tecnologias e, principalmente, fazer a diferença. CEO da CPL Events, Linda Pereira fez parte do debate e comentou sobre a importância das associações e de congressos. Para ela, as associações podem ser a resposta para muitos problemas do setor. O argentino Alejandro Verzoub, presidente do SITE, disse que para se fazer um bom evento, o mais importante é que ele fique na memória das pessoas – por meio da imprensa e de divulgações, por exemplo. “Para fazer dar certo, é preciso desenvolver estratégias antes, durante e depois. A pergunta mais importante é: a quem queremos impactar?”. O presidente da Idealiza Eventos, Julio Urban, falou sobre possíveis desafios para o futuro. “Será necessário falar chinês? Construir aeroportos como o de Dubai?”. Ele destacou que o segredo para um futuro promissor na indústria de eventos está na soma de inovação e novas tecnologias, resultando em novos conceitos. Finalizando o painel, Ricardo Ferreira, vice-presidente da Alatur, disse que o futuro precisa de mais profissionais de eventos. Ele comentou que as ações que projetam o futuro são aquelas que contam histórias modernas e contribuem com a sociedade.
O Papel das Entidades na Indústria dos Eventos encerrou os debates do Fórum Eventos 2013 e fez vir à tona a questão sobre a falta de união do setor. Em sua palestra Steven Hacker, do Convention Industry Council (CIC), disse que o ego é um dos principais empecilhos para que os dirigentes de entidades consigam encontrar unicidade em sua ação. Enfatizou que um Conselho de Entidades deve se reservar ao tratamento das ações transversais, respeitando o espaço das entidades em suas individualidades. Para isso, quatro são seus marcos de atividade: Advocacia (a defesa do setor perante todos seus stakeholders), Informação (coleta e distribuição de farta informação de interesse do setor), Pesquisa (amplas, horizontais e verticais pesquisas sobre o setor) e Excelência (das praticas e de seus valores). Margareth Pizzatto, presidente da ABRACCEF, complementou: “A união do setor passa por um amadurecimento e um profissionalismo maiores. As nossas associações devem ser bancos de negócios e não serem sustentadas pelo governo”. Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, fez uso de ironia, lembrando que “a única certeza no setor, é o aumento dos divórcios e da quantidade de entidades” e Anita Pires, presidente da ABEOC, foi enfática no desafio de se conquistar a unidade na diversidade, por ser a única forma do setor ser percebido com o respeito que sua importância econômica e social exige”.