Sindicatos alertam Fifa de atrasos em obras dos estádios de 2014
[Por Reuters, 17/11/2011]
A Fifa foi advertida por sindicatos internacionais nesta quinta-feira que os atrasos nas obras de estádios para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil podem provocar acidentes de trabalho em consequência de uma eventual correria de última hora.
Maracanã, Mineirão e o novo estádio de Brasília estão entre as arenas do Mundial que já sofreram paralisações de trabalhadores cobrando melhores condições de serviço e aumento de salário, o que também é motivo de preocupação para os sindicatos internacionais da construção.
“Houve 12 greves. Os salários são muito baixos, há um grande número de trabalhadores terceirizados e há a questão da saúde e segurança”, disse à Reuters Ambet Yuson, secretário-geral do sindicato dos Trabalhadores Internacionais de Construção e Madeira (BWI, na sigla em inglês).
“Quando você tem que correr, os acidentes acontecem”, afirmou ele, após uma reunião na sede da Fifa com o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke.
Yuson disse ainda que há uma grande preocupação com os trabalhadores migrantes no Catar, país-sede da Copa do Mundo de 2022, que podem ser submetidos a condições de “escravidão moderna”, segundo ele.
A Fifa disse que levará a questão às autoridades do Catar e que os direitos trabalhistas seriam, no futuro, incluídos entre os critérios que são considerados no processo de escolha dos países para sediar uma Copa do Mundo.
“Perguntamos ao secretário-geral da Fifa se eles queriam que seus estádios fossem construídos por trabalhadores escravos, explorados pelo trabalho”, disse Yuson.
“Noventa e quatro por cento dos trabalhadores são migrantes no Catar. É basicamente a escravidão moderna.”
“Eles são trabalhadores migrantes da Índia, Nepal e Bangladesh. Eles vão lá e seus passaportes são retidos, às vezes eles não recebem seus salários ou recebem com seis meses de atraso, e eles não têm outras opções.”
“É terrível, eu estive lá, seus alojamentos são muito ruins, é uma situação péssima”, acrescentou.
“A Fifa disse que vai fazer uma cobrança, porque o Catar quer a Copa do Mundo. Dissemos a eles que é sério e nós vamos fazer campanha. Nós dissemos que queremos ver alguma ação em seis meses.”
Representantes da Confederação Sindical Internacional (CSI) e do sindicato suíço Unia também participaram da reunião com a Fifa.
A Fifa disse em um comunicado: “Foi acordado que a Fifa e o CSI vão trabalhar em conjunto ao longo dos próximos meses para tratar de questões trabalhistas com as autoridades do Catar.”
“Foi também acordado para se incluir critérios trabalhistas no processo de escolha das futuras Copas do Mundo. Temos uma responsabilidade que vai além do desenvolvimento do futebol e a organização das nossas competições”.