Eventos devem ser melhor planejados para evitar bolhas turísticas, diz especialista
[Por InfoMoney, 28/09/2011]
Para evitar que o Brasil enfrente uma bolha turística nos próximos anos, os governantes deverão focar em ações planejadas em prol do desenvolvimento esportivo e turístico do País. A opinião é do coordenador do Grupo de Estudos Avançados em Esportes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Paulo César Montagner.
De acordo com o profissional, sem planejamento adequado do Poder Público e participação popular nas decisões, eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada podem gerar uma forte demanda imediata, mas certamente serão seguidos por uma oferta ociosa sem grandes ganhos sociais no futuro.
“O desafio é como essas praças esportivas vão se transformar em centros de desenvolvimento do esporte no Brasil. No Pan-Americano, os dados atuais mostram que as praças não representam um legado positivo, porque não existem grandes projetos lá”, diz.
Investimento de impacto
Segundo a Agência Brasil, outro ponto mencionado por Montagner foi o fato de que, enquanto nos países ricos os investimentos estruturais de tais eventos costumam ter apoio da iniciativa privada, no Brasil, eles ficam por conta do do Estado. “Em países como o Brasil, normalmente é o Estado que financia esse sistemas. A iniciativa privada só destina recursos para a hora do parabéns, na apresentação da festa, mas não para a infraestrutura preparatória”, explica.
Além disso, tais investimentos não costumam garantir que um turismo privilegiado irá se manter no País, afinal, até hoje foram poucos os locais que conseguiram traduzir em ganhos urbanísticos e sociais permanentes os investimentos nos jogos.
“Barcelona se colocou na rota internacional, assim como Seul, que se utilizou disso para se configurar como uma grande cidade em crescimento. As metrópoles estão disputando espaço e um evento dessa natureza tem o poder de alavancar futuros investimentos, que perduram não só durante a Olimpíada, mas que favorecem o desenvolvimento social e urbano”, explica.
Expectativas
Para o coordenador, os ganhos reais para o Brasil com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 ainda são uma incógnita. “Eventos dessa natureza não têm esse poder mágico, como querem nos fazer acreditar, de que só isso é suficiente. Um projeto de políticas públicas se faz necessário e não me parece que isso está acontecendo no Brasil”, argumenta.