Cuiabá monta sistema de segurança para Copa do Mundo de 2014
[Por Diário de Cuiabá, 28/08/2011]
Dede o 1º jogo em Cuiabá entrada e saída em bairros da região do Verdão, predominantemente residenciais, serão apenas com autorização policial
Preocupação maior é com Santa Isabel, um dos bairros mais violentos, marcado por brigas de gangues e se sabe quem comete crimes
No dia em que a Arena Pantanal receber seu primeiro jogo da Copa do Mundo de 2014, um enorme sistema de segurança será montado. Em um perímetro de 1,5 quilômetro ao redor do estádio só entrará quem tiver ingressos para assistir a partida, uma medida para atender às exigências da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Um trabalho difícil de ser realizado. O entorno da nova arena é composto por bairros predominantemente residenciais. Precisarão ser montados cordões de isolamento em todas as entradas, os moradores precisarão receber identificações para ter livre acesso e o mesmo ocorrerá com os seus carros. Será preciso esclarecer e estabelecer procedimentos de segurança com os moradores dos bairros Verdão, Cidade Alta, Cidade Verde, Jardim Cuiabá, Goiabeiras e Santa Isabel.
O Santa Isabel representa uma preocupação, por ser um dos bairros mais violentos de Cuiabá. Registrou 55 ocorrências policiais no primeiro semestre de 2011, sendo nove por ameaça, seis por lesão corporal, além de quatro veículos roubados em outros pontos da cidade terem sido localizados em seu perímetro. Um bairro considerado problemático pelos policiais, por sua localização – uma ladeira que desce até o rio Cuiabá.
Quem conhece bem essa realidade é Valmir Ibiapino, secretário da Associação dos Moradores do Jardim Santa Isabel e que mora no bairro há mais de 30 anos. A violência faz parte da rotina dos moradores. O principal motivo é a briga entre gangues. Ibiapino explica que quem mora na parte de cima do bairro não se entende com a parte de baixo.
Segundo ele, já ocorreram várias mortes no bairro, mas, geralmente de membros das gangues. “Nos últimos 20 anos, só uma pessoa de bem morreu neste bairro”, diz, referindo-se a Daliberto Ferreira da Costa, então presidente da Associação dos Moradores, assassinado no dia 16 de julho de 2007, na hora do almoço, por criminosos que tentaram assaltar sua casa. Hoje, Daliberto dá nome à rua principal do bairro, onde está localizada a sede da Associação.
Os assaltos são um problema e a principal reclamação. “Nossas leis não nos protegem. O cara faz o assalto agora, daqui a meia hora a polícia chega, não resolve nada”, diz Ibiapino. Muitos moradores desistem de fazer boletim de ocorrência por não ver resultados.
Dona Ana, proprietária de um comércio no bairro, já foi assaltada duas vezes. Na primeira, levaram o seu carrinho de cachorro-quente. Nada foi feito. Há duas semanas a porta da sua loja foi arrombada e o assalto só não foi consumado porque um segurança particular percebeu. Dona Ana inclusive morava em Várzea Grande e se mudou para o bairro para monitorar melhor o seu estabelecimento. Ela diz que não há loja no Santa Isabel que não tenha sido assaltada.
As histórias de violência são do conhecimento de todos. “Esses dias um cliente meu saiu pra almoçar e, quando voltou para casa, tinham levado duas cadeiras de fio. Ai para baixo, tão (sic) roubando até roupa de varal, vê se pode?”, diz Ana. Os moradores dizem saber quem são os criminosos.
Ibiapino também lembra outro fato. “Aqui no bairro tem uns quatro bandidos, gente pesada mesmo. Um deles foi liberado recentemente. Quando souberam que ele estava quatro quadras acima, as pessoas que estavam em uma festa saíram correndo de medo e voltaram pra casa”.