Turismo acumula perda de R$ 88 bilhões durante a quarentena

AEOC - PERDAS NO TURISMO

Reflexo da gravidade da crise do setor, serviços de hospedagem e alimentação – responsáveis por quase 60% do emprego no Turismo – foram os que mais perderam postos formais de trabalho no bimestre março-abril.

O setor de Turismo tem sido um dos mais impactados pela pandemia mundial deflagrada pelo novo coronavírus. A intensificação de medidas visando à redução do ritmo de expansão da COVID-19 através dos protocolos de isolamento social e o fechamento das fronteiras em diversos países reduziram drasticamente o fluxo de passageiros no país desde o último mês de março.

Embora os dados oficiais sobre o impacto nas receitas do Turismo ainda sejam relativos ao mês de março, inegavelmente houve avanços da crise no setor, nos meses subsequentes. De acordo com o

Índice de Atividade do Turismo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no mês em que foi decretada pandemia mundial, o volume de receitas do setor de serviços recuou 6,9%. No Turismo, a mesma pesquisa indica queda de 30% ante fevereiro, com destaque no mesmo período para as retrações nos serviços de alojamento e alimentação (-33,7%) e no transporte aéreo (-27,5%).

Considerando-se os 16 maiores aeroportos do Brasil – responsáveis por mais de 80% do fluxo de passageiros – as taxas de cancelamentos de voos nacionais e internacionais saltaram de uma média diária de 4% nos primeiros dias de março para 93% até ao final daquele mês.

 

Diante da expressiva retração da demanda, as companhias aéreas se viram obrigadas a readequar a oferta diária de voos desde então. Nos meses de abril e maio as quantidades de voos previstos sofreram reduções de 80% e 89%, respectivamente. Desse modo, a taxa de cancelamentos retornou a níveis semelhantes aos da primeira quinzena de março. A quantidade de voos confirmados, por sua vez, seguiu próxima ao piso histórico, registrando recuos mensais significativos em relação ao período anterior à pandemia (-94% em abril e –92% em maio).

Diante da elevada correlação entre o fluxo de passageiros e a geração de receitas no Turismo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) calculou as perdas mensais incorridas pelo setor desde o início pandemia. No mês em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia mundial, o setor acumulou perda de R$ 13,38 bilhões em relação à média mensal de faturamento das atividades que compõem o setor, nos dois meses anteriores. A paralisia quase completa do setor nas semanas seguintes agravou esse cenário com acúmulos de R$ 36,94

bilhões em abril e de R$ 37,47 bilhões em maio.

 

Os Estados do Rio de Janeiro (R$ 12,48 bilhões) e São Paulo (R$ 31,77 bilhões), principais focos da Covid-19 no Brasil, concentram mais da metade do prejuízo nacional registrado pelo setor. Os aeroportos dessas duas unidades da Federação chegaram a registrar taxas de cancelamento diárias superiores a 90% no final de março1. Com quedas de até 99% na oferta de transporte aéreo, nessas localidades, em abril e maio, a taxa média de cancelamento cedeu, refletindo o ajuste na oferta de

transporte aéreo ao novo patamar de demanda.

 

No Turismo, historicamente, para cada retração mensal de 10% no volume de receitas, há uma destruição potencial de 97,3 mil postos de trabalho em até três meses. Assim, considerando a atual perda na capacidade de geração de receitas, já há um potencial de eliminação de 727,8 mil postos de trabalho no setor até o final de junho.

A confirmação desse potencial pode ser através dos dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Somente os subsetores de alojamento e alimentação fora do domicílio, responsáveis por mais da metade (57%) da ocupação no Turismo, eliminaram 211,7 mil postos formais de trabalho nos meses de março e abril deste ano acumulando no bimestre uma retração de sua força laboral celetista de 11,08%. Observada a manutenção das perdas também no mês de maio, somente nestes segmentos, o primeiro trimestre da pandemia pode ter eliminado aproximadamente 350 mil empregos formais.

 

As ações já adotadas pelo governo federal na forma de Medidas Provisórias voltadas para a preservação do emprego permitem reduzir o impacto decorrente da queda expressiva do nível de atividade do setor; entretanto, ainda não é possível detectar quando se dará a inflexão da atual tendência de perdas nas atividades que compõem o Turismo nacional.

Mesmo em outras regiões do mundo que já contam com o relaxamento da quarentena, nota-se uma inércia mais acentuada no processo de recuperação do Turismo em relação a outras atividades econômicas. Tal constatação aponta para a necessidade da adoção de medidas econômicas mais audaciosas voltadas especificamente para o setor por parte dos formuladores de políticas públicas de modo a minimizar os efeitos nocivos da recessão sobre os níveis de empregos, bem como sobre a capacidade de arrecadação tributária por parte do setor.

 

Veja na íntegra a matéria e gráficos, aqui.

 

 

Fonte: CNC

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