A realidade virtual pode se tornar uma ameaça às viagens corporativas?
[Panrotas, 05/09/2017]
Imagine um mundo onde aquele conselho típico das companhias aéreas para “chegar três horas antes da partida” seja transformado em “não se preocupe em deixar sua mesa”. Se a realidade virtual avançar consideravelmente nos próximos anos, ela pode se manifestar como concorrente, talvez até uma ameaça, para a indústria de viagens corporativas.
Mas antes de alegar essa possibilidade, vamos considerar os tópicos a seguir:
1- A realidade virtual não é mais apenas para jogadores
Várias empresas não relacionadas aos videojogos já a estão incorporando em suas plataformas de vendas e, ao fazer isso, estão visando um mercado emergente de pessoas interessadas em usar a realidade virtual para “ir” a destinos onde nunca estiveram. O Turismo da Austrália, por exemplo, usa slogans provocativos como “Austrália: um lugar que você sente” para atrair consumidores, oferecendo-lhes pré-visualizações dos destinos. As empresas da realidade virtual e as agências de viagens já estão juntas para testar o quão bem essas táticas realmente estimulam as vendas de viagens.
2- Salas de conferência virtuais já existem
A viagem ocupa grande parte do orçamento das pequenas e médias empresas (PMEs). Teoricamente, se a realidade virtual pudesse substituir as viagens, liberaria todo esse dinheiro para as empresas investirem no seu core business. Espaços colaborativos como o Altspace VR já oferecem a chamada “Realidade Virtual Social”, por meio da qual os usuários podem habitar um espaço virtual com amigos ou colegas. O ambiente usa sensores para traduzir as expressões e os movimentos do corpo de uma pessoa nas ações de seu avatar. “Se nós possuímos a tecnologia para fazer isso e podemos permitir ás empresas economizarem não só o tempo gasto como também o dinheiro para chegar e partir de reuniões muito curtas, por que não o fazer?”, questionou o fundador e CEO da Global Board Advisors Corporation, Yusuf Azizullah. Mas é preciso considerar que, enquanto a viagem de realidade virtual possa ser bastante indicada para empresas grandes que podem comprar e manter uma “vantagem competitiva”, a transição para este tipo de tecnologia pode ser um investimento mais arriscado para as pequenas e médias empresas.
3. A realidade virtual ainda não é boa o suficiente
Isso quer dizer que essa tecnologia ainda não consegue substituir as experiências dos usuários. Embora as combinações de Occulus Rift e Google Cardboard com um iPhone sejam impressionantes e possam ser divertidas de usar, quase ninguém vai preferi-las à vida real. O Google, no entanto, pode ter alcançado o avanço tecnológico necessário para mudar isso. Durante a última semana de julho, a empresa fez um grande avanço na computação quântica, uma tecnologia que permitirá aos engenheiros construir pequenos processadores que possuem um poder muito elevado em relação aos dos computadores que conhecemos hoje. Assim que esta tecnologia for adequada à produção em massa, permitirá à realidade virtual dar um grande salto à frente. Os dispositivos de realidade virtual portáteis serão de qualidade significativamente maior, talvez até capazes de substituir a realidade e ainda mais compactos do que um smartphone, e esse “novo nível” de realidade virtual poderia tornar-se conveniente e acessível para consumidores e empresas em grande escala nos próximos cinco anos.
4. As PMEs terão dificuldade em substituir viagens de negócios reais pela realidade virtual
Como o desenvolvimento de relacionamentos fortes continua a ser um elemento crucial para o sucesso das pequenas empresas, a viagem física para atender clientes continuará sendo o foco dessas corporações. O Holiday Inn Small Business Traveler Study confirmou isso por meio de dados divulgados no último 25 de julho, mostrando que mais de 75% dos proprietários e funcionários da PMEs entrevistados obtiveram “mais tempo do cliente pessoalmente do que o obtido por funcionários das grandes empresas”. Operando com orçamentos apertados, as PMEs devem assegurar continuamente que suas despesas sejam devidamente priorizadas. O aumento constante dos orçamentos de viagens de negócios, no entanto, indica o quão importante é para elas atender clientes e parceiros de negócios pessoalmente, em vez de valer-se de tecnologias como o Skype ou o FaceTime.
5. Há algumas coisas que a realidade virtual não pode substituir
Reuniões presenciais criam um nível de confiança que a tecnologia não pode simular. A interação pessoal e a proximidade física permitem que os humanos se conectem e formem relacionamentos fortes o suficiente para impulsionar os negócios. Viajar a negócios indica compromisso com um parceiro de negócios e confiabilidade para um cliente. Portanto, substituir tudo isso pela realidade virtual será um desafio.