A importância do turismo internacional no Brasil
[Por Luigi Rotunno , Mercado e Eventos, 21/03/2017]
Acabaram a Copa do Mundo e as Olimpíadas… E agora?
Depois de uma leve melhoria do número de turistas estrangeiros que vieram ao Brasil nos últimos anos, superando a fatídica marca dos 6 milhões, estamos prestes a voltar à faixa dos 5 milhões de turistas. Um número que parece impossível de superar. Sem grandes eventos, o número de turistas internacionais parece estagnar sem possibilidades de crescimento. É fato que, trabalhar os mercados internacionais exige um determinado knowhow, limitado a poucos especialistas de nosso mercado. Falta de mão de obra para desenvolver esse mercado é um dos principais problemas que nos aflige.
Os ciclos dos mercados
O mercado internacional é fundamental para diminuir os ciclos de baixa temporada do turismo nacional, por isso, devemos considerar que o período de férias escolares da maioria dos outros países é diferente e, muitas vezes, até oposto ao do verão brasileiro. Na Europa, por exemplo, o período em que as pessoas mais viajam é justamente o mês de agosto, em plena baixa brasileira. Portanto, na hora de pesquisar quais os turistas estrangeiros queremos atrair ao Brasil, é importante ter uma noção clara de quando as pessoas mais viajam, mesmo vivendo em uma época de menor concentração de viagens em feriados, pois existe um segundo elemento que impacta nesta analise, o valor para realizá-la. Durante a alta temporada europeia, os preços do Brasil são de baixa temporada, deixando assim o destino competitivo. Essas duas curvas: período de férias; e tarifas de mercado; são elementos fundamentais para gerar volume de viajantes.
A Embratur
O posicionamento da marca Brasil nos mercados internacionais deve ser feito com coerência com as malhas aéreas e interesses dos destinos turísticos. Antes de vender um resort, hotel ou destino turístico no exterior, é preciso saber “vender o Brasil”.
O destino Brasil deve virar um produto de desejo! Essa estratégia não pode ser administrada por entidades privadas, por inúmeros motivos. É preciso que haja a atuação da Embratur para desenvolver esse papel em conjunto com o trade turístico e com cada destino.
A Embratur funciona como um o “catalisador” dos esforços de vendas internacionais e é imprescindível a emancipação deste órgão como agência de promoção turística, com maiores recursos econômicos para que possa exercer esse papel de posicionamento da marca Brasil.
As portas de entrada ao Brasil
Com todo respeito ao Rio de Janeiro, já deu! O Brasil não é unicamente Rio de Janeiro. Se não entendermos que é necessário diversificar as portas de entrada no país a um número maior de cidades, exportando nossa diversidade de destinos turísticos, não haverá plano de promoção turística internacional que irá funcionar. É preciso, urgentemente, ampliar a estratégia de entrada ao Brasil na comunicação internacional, tornando-o um país “multidestino”. A visão do Brasil no exterior ainda se limita ao conceito do Rio de Janeiro, igualando o resto do país às suas características cariocas. Alguns estados como Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e outros, se destacam com um posicionamento próprio, mas que conflita com a comunicação do “destino mãe”, portanto, torna-se pouco incisivo a longo prazo.
O tamanho continental do Brasil
A estratégia de divulgação do Brasil tem uma característica única, seu tamanho. Somos um continente! Quando comparamos os investimentos feitos para captar turistas em outros países, tais como: Cancun ou Santo Domingo, por exemplo, nos deparamos com um orçamento de U$400 milhões para Cancun e cerca de U$20 milhões para Embratur, já achamos lamentável e, se pensarmos na diferença de tamanho entre Cancun e o Brasil, notaremos o absurdo. Seria Uma Ferrari contra quem “vai de chinelos”.
O Brasil deve ter foco na sua comunicação e elaborar uma estratégia própria. Não tem como copiar!
A importância da divisa estrangeria.
O Brasil mede sua balança comercial para entender seu estado de saúde financeira e o mesmo acontece com as empresas privadas. A entrada de divisas diminui o risco de inflação do custo de um hotel, por exemplo, oferecendo menor dependência das flutuações do real e a presença de divisas estrangeiras no circuito econômico do turismo é um forte impulso do segmento que precisa de constantes investimentos.
Por fim, acredito que o Brasil precisa criar um conceito de “hub Brasil”. Um elemento centralizador da marca Brasil em todos os seus aspectos, um manual da marca que gere um norte de comunicação de forma integrada. Isso seria válido não unicamente para o turismo, mas também para seus segmentos econômicos como a APEX por exemplo.
Fica o questionamento: qual é o Brasil que desejamos exportar para sermos um produto de desejo?