Porto Alegre é destaque no Turismo Criativo
[Por Revista Eventos, 08/05/2015]
Única no Brasil a oferecer aos turistas oficinas e experiências de aprendizagem e interação com a cultura viva da cidade e as tradições do povo gaúcho, Porto Alegre é um dos destinos citados na reportagem “O Turismo Criativo bate à porta”, publicada pela revista italiana Turismo & Attualità Magazine. Nos exemplos de destinos deste segmento no mundo, a capital gaúcha aparece ao lado de cidades como Ibiza e Provença. Na publicação Caroline Couret, presidente da Creative Tourismo Network, rede de estímulo e promoção dos destinos de Turismo Criativo no mundo da qual Porto Alegre é associada desde 2013, aborda o conceito do segmento e seu crescimento junto aos viajantes que “não já não se adaptam exclusivamente aos padrões de um circuito turístico convencional, que possuem um orçamento de viagem significativo e muitas vezes gostam de combinar diferentes tipos de experiência durante a estadia no destino…”. Ela também confirmou o crescimento do Turismo Criativo como tendência durante a participação recente da Creative Tourismo Network nas feiras WTM, em Londres, e ITB, em Berlim, a convite da Organização Mundial do Turismo (OMT).
Na entrevista ao Portal Eventos, o Secretário de Turismo da capital gaúcha fala um pouco mais sobre o Turismo Criativo, como é organizado e seu potencial no Brasil.
Portal Eventos – Qual a importância do turismo criativo para Porto Alegre?
Luiz Fernando Moraes – Na verdade o turismo criativo faz parte de várias estratégias da secretaria de tentar fortalecer o setor. São linhas diferentes daquelas tradicionais referentes às viagens de lazer. O turismo de eventos já tem um papel na indústria razoavelmente bem organizado em Porto Alegre, garantido uma boa posição no ranking internacional das cidades que mais recebem congressos, feiras e similares. A ideia é continuarmos assim. Fruto disto também é o desenvolvimento do turismo de saúde e o nosso esforço de incluir o turismo rural na capital gaúcha de maneira significativa. O turismo criativo, por sua vez, tem uma outra perspectiva, pois é composto de vivências, interagindo com a população local. É proporcionar que os visitantes tenham novas experiências de aprendizagem, cursos, workshops e outras atividades como tivemos nos últimos dois anos de uma forma bem sucedida. Exemplo foi o turismo criativo feito dentro do Acampamento Farroupilha, com atividades focadas para o tradicionalismo gaúcho. No ano passado, tivemos cerca de 1.100 pessoas que fizeram oficinas no local no mês de setembro, mais 600 pessoas na Copa do Mundo. Ou seja, quase duas mil pessoas participaram de algum tipo de atividade, workshop ou curso de coisas ligadas à cultura regional. Este é um aspecto importante para Porto Alegre, ter este produto para oferecer. Somos pioneiros na implantação do programa não só no Brasil, mas também na América do Sul. Não que não exista experiência de turismo criativo em outros lugares. O nosso é o primeiro organizado e sistematizado por um destino, como já fizeram Barcelona, Paris e Santa Fé (nos Estados Unidos). Na verdade você agrega valor à marca da cidade graças a um segmento diferente, que carrega em si, questões de criatividade e de cultura.
Portal Eventos – E o que ainda pode ser trabalhado dentro deste segmento?
Luiz Fernando Moraes – O que nós gostaríamos na verdade é de ver o turismo criativo implantado em muitas cidades do Brasil. Não há produto igual porque ele é exatamente ancorado nas questões locais e sempre serão diferentes de um lugar para o outro. Isto já está sendo realizado em Belo Horizonte, já estive lá como palestrante por mais de uma vez. Brasília também vai realizar o primeiro encontro de turismo criativo. A medida que o visitante interage com o cidadão, ganha uma experiência única.
Portal Eventos – E como o turismo criativo pode ser aplicado no turismo de negócio?
Luiz Fernando Moraes – O turismo criativo é como um atrativo e um serviço dentro da cidade e está aberto para todos. Se a pessoa vem para um evento ela terá a oportunidade de fazer uma oficina, um workshop ou uma atividade. É claro, ainda estamos em uma fase de inventar a roda. Não temos capacidade de fazer uma ação mais forte em todas as áreas. Mas percebemos um apelo bastante forte nesta questão do tradicionalismo gaúcho, pois é diferente, típica da cidade e do Estado e diz respeito ao nosso folclore. É isto o que as pessoas querem ver, as coisas únicas daquele lugar, as suas singularidades. E isto está disponível para qualquer turista.
Portal Eventos – Então o turismo criativo não é algo estático?
Luiz Fernando Moraes – Dá para se dizer que o turismo criativo não termina nunca, é vivo. Nós começamos com um conjunto de parceiros que vai avançando e acaba tendo uma seleção natural, porque há mais demandas para algum tipo de atividade e menos para outra, e daí você vai substituindo. E sempre que tiver alguém com algum conhecimento específico e tiver disposição para ensinar o turista, ele poderá entrar no programa. Estamos falando de música, gastronomia, mas podem ser coisas mais universais, como artes plásticas, cursos de roteiro. Não é algo fechado. Como cada região do país é diferente, estamos aprendendo o que funciona mais e o que funciona menos. Isto é um processo pelo qual todas as cidades passam. A vantagem é ter um produto diferente. A desvantagem é ter de achar o seu caminho.