MICE – O segmento em ascensão
[Por ABRACORP , 14/05/2015]
Quando se debate o segmento MICE, ele toma proporções bastante diferentes. Até porque o tema é amplo, MICE (Meetings, Incentives, Congress and Exhibitions) envolve uma série de eventos, grandes ou pequenos. Mas o fato é que esse segmento exige um grau de qualificação e conhecimento relativamente alto.
Normalmente conectamos MICE a grupos. E esse tema, grupos, no mundo das viagens corporativas é bastante polêmico. Um setor onde grande quantidade não significa, necessariamente, redução de valores. Explica-se, num vôo com capacidade para 150 lugares, bloquear metade disso (75 lugares) pode não ser um bom negócio para a companhia aérea, dependendo da rota e horário do vôo. O mesmo acontece com a rede hoteleira. Nos dois segmentos quanto mais fragmentado é o grupo, melhores são as chances de se conseguir boas oportunidades de preços. O problema é explicar isso para um cliente acostumado a obter ganhos por negociar quantidades.
Mas o segmento é muito mais do simplesmente a logística de transporte. E é exatamente nessa linha, no sentido de ampliar as oportunidades, que a ABRACORP criou o Comitê MICE ABRACORP. Para gerar discussões de melhores práticas num setor onde a presença do TMC é ainda vista como mero operador logístico. Os associados ABRACORP cada vez mais se especializam no segmento, investindo na capacitação de seus profissionais. Entre os associados ABRACORP, 70% das agências tem estrutura dedicada especialmente para atender o segmento. Até na produção e cenografia de um evento corporativo, uma TMC ABRACORP tem o expertise, hoje, de atuação. Diferentemente dos processos normais de negociação, eventos corporativos são negociados diretamente pelas áreas de marketing das empresas. E muitas vezes, a cotação sequer chega ao TMC da empresa, estruturada para oferecer os serviços.
Um dos grandes desafios no segmento é em relação a prazos de pagamento. O País tem uma das mais altas taxa de juros do mundo (taxa Selic – 13,25%) e com isso o crédito é, cada vez mais caro, oferecer serviços e ainda com prazos de pagamento extensos é altamente arriscado para toda a cadeia. É incompreensível uma RFP com exigência de prazos de 30 ou 60 dias para o pagamento dos serviços. A pressão de negócios, muitas vezes, impõe-se sobre a lógica operacional, criando um insano quadro de faturamento.
Mais surpreendente é que no Brasil, deparamos, quase sempre, com discursos vindos de fora sobre as melhores práticas de gestão de viagens, mas guarda-se, a sete chaves, o tema faturamento. Muitas empresas simplesmente recusam-se a trabalhar dentro das melhores práticas mundiais, numa plataforma segura e transparente como o do cartão de crédito. Por quê? É a pergunta para a qual a ABRACORP não tem respostas.