Feiras perdem participantes com fraco desempenho da economia
[Por DCI, 18/07/2014]
Afora impactos vistos por conta do calendário de carnaval tardio, Copa do Mundo e eleições, os organizadores de feiras têm sentido os efeitos do desempenho fraco da economia. Com a insegurança dos empresários, as feiras estão perdendo participantes. Organizadores ouvidos pelo DCI já falam em queda de 10% a 15% na área de exposição frente a 2013.
“É um ano atípico. O calendário está sendo comprimido. E para feiras com frequência estabelecida, isso é sempre uma dificuldade”, disse o presidente da União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), Armando Campos Mello. A entidade representa cerca de 200 feiras no País. Apesar dos empecilhos, ele afirma que os promotores de feiras acabam sem alternativa. “Os eventos têm que acontecer. Eles representam importantes segmentos.”
A Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios (Francal), aberta na terça-feira (15), foi uma das impactadas. A queda na área de exposição teria sido de 15%, de acordo com o presidente da feira, Abdala Jamil Abdala. “Nunca nessas 46 edições, a Francal teve tanta responsabilidade de resgatar confiança e ter sinais positivos aí pela frente.”
Abdala cita tanto os obstáculos do calendário quanto os problemas da economia brasileira para explicar o ocorrido. “Pelo tsunami que é a Copa, aliado a uma economia extremamente devagar, não foi fácil”, diz ele. A expectativa de Abdala é que com a feira os expositores consigam reconquistar a confiança e “ver uma luz no fim do túnel”.
Normalmente, a Francal começa no dia 9 de julho. Mas com a Copa, foi adiada seis dias, para terça-feira (15). Por mais que a mudança pareça pequena, o presidente da Ubrafe diz que esse tipo de alteração acaba gerando uma série de inconvenientes.
Como a oferta de espaço nos pavilhões não dá sobras aos organizadores, Armando diz que acomodar os eventos não foi uma tarefa fácil. “Existe uma limitação. São 270 mil metros quadrados. Isso mais ou menos atende a necessidade, mas não sobra espaço.”
Frente ao gargalo de espaço nos pavilhões, a BTS Informa, uma das maiores promotoras de feiras de negócios no Brasil, manteve eventos durante a Copa. A Fispal Tecnologia aconteceu entre 3 e 6 de junho, uma semana antes da abertura do Mundial, no dia 12 de junho. Outras quatro feiras, TecnoSorvetes, Fispal Café, Fispal Food Service e Sial Brazil, ocorreram entre 24 e 27 de junho.
“Tentamos algumas alternativas para mudança de data, mas não pudemos por falta de disponibilidade”, disse a diretora do Grupo BTS, Clélia Iwaki. Para ela, a decisão por manter as feiras foi uma atitude de responsabilidade para com o mercado.
“Outros promotores optaram por não fazer feiras em 2014.”
Segundo ela, a área de exposição das feiras realizadas em junho caiu 10%. “O ano parecia muito assustador e pouco promissor. E o que as empresas fizeram? Tiraram o pé do acelerador e revisaram investimentos. Expositores tradicionais optaram por não fazer feira este ano, para não arriscar o orçamento”, afirma.
Ela destaca, contudo, que o cenário econômico complicado acaba pesando mais do que a realização do Mundial. “Teve o fator Copa, mas o impacto mais contundente foi da economia.”
Apesar do cenário conturbado, ela diz que o resultado da feira para os participantes foi melhor do que o esperado. Antes da Copa, a expectativa era mais pessimista.
Em termos de resultado para o ano, Clélia diz que o Grupo BTS deve manter o faturamento. “Queríamos ter crescido. Nos últimos anos a expansão ficou entre 5% e 8%.”
Eventos crescem 14%
No ramo de eventos, que inclui congressos, convenções, festas agrícolas e lançamento de produtos, as expectativas para o ano são melhores do que no segmento de feiras. “Nossa previsão de crescimento para o ano continua sendo de 14%”, disse a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Anita Pires. A expansão de receita do setor também foi de 14% em 2013.
Na visão dela, 2014 contou com algumas “situações tumultuadas”, no sentido de que muitas empresas anteciparam ou adiaram suas convenções e congressos para que não coincidissem com o Mundial de futebol. “Mas não foi um ano ruim, foi apenas um ano tumultuado.”
Nos eventos relacionados a publicidade e propaganda, para reforço das marcas, a Copa Mundo inclusive estimulou os resultados, diz a presidente da Abeoc.
Mas em geral, ela diz que a cadeia de fornecedores de eventos, composta por 52 segmentos, pouco se beneficiou com a competição. “Tínhamos uma expectativa de que haveria muito trabalho na Copa. Mas a Fifa trouxe suas próprias empresas.” O principal legado para o ramo de eventos, na visão dela, é a visibilidade que o Brasil obteve.
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