Custo faz BH perder eventos de negócios até para o exterior
[Por Fábio Pessoa*, JORNAL O TEMPO, 06/06/2014]
A cidade que pretende deter o título de capital do turismo de negócios caminha no sentido oposto. Belo Horizonte está perdendo eventos corporativos para outras capitais e até para outros países. Em busca de opções mais em conta, as empresas ultrapassam as fronteiras do país. Como opções para se gastar menos que em Belo Horizonte ao realizar um congresso estão Miami (Estados Unidos), Buenos Aires (Argentina), Punta del Leste (Uruguai) e cidades do Caribe.
Entre os fatores apontados pelos organizadores desses eventos estão os impostos altos – principalmente o ISS –, a falta de opções de locais grandes, que se resumem ao Minascentro e ao Expominas, e até o preço das diárias de estacionamento na capital. “Belo Horizonte tem dois gargalos. Um deles é a ausência de espaços adequados para grandes eventos. Além do mais, temos o problema do trânsito. E, para complicar a situação, temos a pressão da inflação no país”, resume o professor do curso de tecnologia e gestão de eventos da Estácio de Sá, Fábio Pessoa.
“É fato que nosso país é caro. É muito imposto”, diz o gerente de marketing da Mastermaq Software, Helbert Macedo. O congresso da empresa, em setembro, vai acontecer em Buenos Aires.
Quando começou a fazer o levantamento de preços, na virada do ano, ele ficou assustado. Na capital, o custo por pessoa variou de R$ 3.200 a R$ 3.500. Em Miami, R$ 2.300 – passagens aéreas já incluídas. “Só não optamos por Miami pelo fato de nem todos os participantes terem o visto”, diz.
Por causa das facilidades em termos de documentação, as opções foram Buenos Aires e Punta del Leste. “Acabamos escolhendo Buenos Aires por ter mais atrativos turísticos”, explica. Na capital da Argentina, o preço médio por pessoa chegou a R$ 2.600. “Há opções mais baratas, mas escolhemos um hotel que tivesse um bom padrão”, diz.
O valor inclui hospedagem no hotel 752 Continental, alimentação, passagem aérea, traslados e dois passeios. “Além do preço mais em conta, a vantagem é que o evento será fora do país. É uma oportunidade para muita gente sair do Brasil”, diz.
A falta de infraestrutura fez com que a empresa de aluguel de carros Localiza optasse por fazer sua convenção anual fora de Belo Horizonte, segundo a gerente de comunicação Príscilla Duarte. “Belo Horizonte não tem um hotel acoplado a um grande centro de convenções. Eu gostaria de poder fazer o evento aqui”, diz. Desde 2006, a convenção, que neste ano contou com 900 pessoas, é realizada em Atibaia, no interior de SP.
Atrasos
Hotéis em BH. Dos projetos de hotéis aprovados pela Prefeitura de Belo Horizonte para a Copa, 20 foram inaugurados até abril deste ano e 26 estavam atrasados na capital, conforme a JR & MvS Consultores.
Em ano de Copa, traslado triplica preço
A proximidade da Copa do Mundo serviu como desculpa para o aumento – às vezes exorbitante – de preços de serviços em Belo Horizonte. “No ano passado, pagamos R$ 2.000 pelo serviço de traslado. Quando fiz a cotação (para o congresso deste ano), o valor era três vezes maior, eles queriam cobrar R$ 6.000”, relata o gerente de marketing da Mastermaq Software, Helbert Macedo.
O orçamento total para o congresso da empresa, se fosse feito em Belo Horizonte, ficou 38% mais caro que o do ano passado.
Gargalos
“Belo Horizonte tem dois gargalos de destaque no que se refere aos eventos corporativos. Um deles é a ausência de espaços adequados para grandes eventos. Na cidade, temos só o Expominas, que precisa de investimentos. Além do mais, temos o problema do trânsito. E, para complicar a situação, temos a pressão da inflação no país”
*Fábio Pessoa Professor do curso de tecnologia e gestão de eventos da Estácio de Sá