Iniciativa privada negocia desoneração de custos trabalhistas
[Por Hoteliernews, 18/03/2013]
Entidades representantes da indústria hoteleira no Brasil negociam com o governo a mudança de leis trabalhistas durante os grandes eventos esportivos que ocorrem no País nos próximos anos. Um dos pontos debatidos é a contratação de profissionais estrangeiros para a hotelaria, sob o argumento da falta de qualificação dos profissionais brasileiros.
De acordo com o Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), é preciso criar mais de 50 mil postos de trabalho no setor para atender de forma satisfatória a demanda que estes eventos devem gerar. Roberto Rotter, presidente do Fohb, acredita que poderia ser usada a mão de obra ibérica – de Portugal e Espanha – para suprir o déficit de profissionais. Ainda segundo Rotter, trabalhadores desses países ocupariam principalmente os postos que vão da recepção à gerência.
Outro ponto sensível nas demandas dos empresários da hotelaria é a alteração temporária de leis trabalhistas durante os eventos esportivos. O assunto é visto com resistência por entidades que representam trabalhadores do setor. Uma das discordâncias seria a terceirização de postos de trabalho na hotelaria, o que poderia resultar em trabalhadores menos qualificados ocupando tais postos, contrastando com o argumento patronal da baixa qualificação do profissional brasileiro.
Moacyr Tesch, presidente da Contratuh (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade) e representa profissionais do setor em nível nacional, acredita que tais demandas feitas pelo empresariado hoteleiro não são sinceras. “Nós solicitamos repetidas vezes a qualificação dos trabalhadores da hotelaria junto ao MTur (Ministério do Turismo) e ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), em reuniões envolvendo governo, Senac, entre outras entidades. Percebemos um interesse baixo por parte do empresariado em qualificar a sua própria base de trabalhadores”, ataca Tesch.
De acordo com o profissional, programas como o Pronatec Copa vêm em bom momento, mas precisam de uma articulação conjunta do empresariado para vingar. Para Tesch, a alternativa viável é um mutirão por meio de empresas para a qualificação dos trabalhadores in company (nos locais de trabalho). Para isso, as empresas teriam de abrir mão de uma fração da jornada de trabalho de seus funcionários para ministrar os treinamentos.
De acordo com a atual lei trabalhista, treinamentos realizados durante o expediente e no local de trabalho devem ser remunerados, daí o baixo interesse dos grupos hoteleiros para colocar em prática tal alternativa.
Pretendendo solucionar o impasse, foi marcada para o dia 27 de março uma reunião das entidades relacionadas ao empresariado e aos trabalhares do setor. Na reunião, representantes da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), do Contratuh e da central sindical referente à categoria devem debater o que é possível ser alterado.