Relatório traz análise do mercado de eventos e projeta o futuro
[Por Portal Eventos, 11/01/2013]
O pesquisador Rob Davidson, conhecido analista da indústria da The Global Meetings & Events Exhibition (EIBTM) traz uma pesquisa sobre mercados mais e menos promissores na realização de eventos no ano passado e aponta tendências para 2013. O trabalho foi dividido em três partes: mercados-chave, diferentes regiões do mundo e setores da indústria. Segundo ele, as performances econômicas variaram muito, com a Europa sendo o continente mais volátil do mundo e incertezas nos Estados Unidos. Neste contexto, os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) estão mais cautelosos. A China, que crescia dois dígitos, teve um terceiro semestre de 2012 mais fraco.
Mercados-chave
Automóvel: o nível de confiança dos consumidores refletiu-se no volume de vendas nos diferentes mercados. Na Europa houve uma acentuada quebra na procura, mas países como a Rússia e a Polônia tiveram aumento de vendas. Os Estados Unidos continuam a ser o mercado com mais sucesso, já o KPMG Global Automotive Executive Survey diz que os emergentes já não podem simplesmente ser vistos pelo seu potencial doméstico, porque suas indústrias estão expandindo-se para outros territórios e vão começar a competir nas exportações.
O Farmacêutico é um dos setores mais importantes para a indústria dos eventos. Segundo a EFPIA (European Federation of Pharmaceutical Industries and Associations) o setor emprega diretamente 660 mil pessoas na Europa e gera de três a quatro vezes mais empregos indiretos. O relatório da Euler Hermes Global Pharmaceuticals diz que a procura de medicamentos continua forte, pois quanto mais a população cresce, e mais velha se torna, mais necessidade de medicamentos. Na Europa o relatório diz que o período de ouro dos grandes grupos farmacêuticos acabou. Globalmente, o mercado farmacêuticos cresce no Brasil, China e Índia.
O terremoto que vive o setor Financeiro não dá mostras de abrandar facilmente. No entanto, empresas estão expandindo-se para várias regiões do mundo, onde há grandes oportunidades de crescimento, como a Ásia, América do Sul, Índia e continente africano. O Brasil ultrapassou a China como o mercado mais atraente para gestores de fundos, segundo um inquérito da Coller Capital. O fato do país se preparar para receber dois mega-eventos contribuem para isso.
Outro setor importante em que é esperado crescimento é o de Tecnologias da informação e comunicação, em especial na África. O continente é pioneiro no acesso bancário via telemóvel, uma vez que muita gente não tem o acesso físico aos bancos. Já o da Construção, segundo o Eurocontruct (European Construction Business Research and Forecasting Group) será afetado pela crise na Europa, até 2014. Nos Estados Unidos o cenário é mais saudável. O Dodge Construction Outlook estima que o setor cresça 6% em 2013. Mais uma vez o grande crescimentos será nos BRIC.
Diferentes regiões
Na Europa, se no início de 2012 parecia que as empresas iam investir mais em comunicação para colaboradores e clientes, o segundo trimestre veio mostrar o receio de investimento por conta da crise econômica. No mercado associativo o panorama foi melhor. Segundo a ICCA (International Congress and Convention Association) 15 das 20 principais cidades para eventos no mundo são europeias, com destaque para as quatro mais concorridas: Viena, Paris, Barcelona e Berlim.
Os Emirados Árabes Unidos emergiram como um destino pacífico e capaz de atrair visitantes internacionais. Os investimentos neste setor continuam a acontecer em grande escala. Mas, no Oriente Médio, a primavera árabe em 2011 afetou turisticamente o destino, com quebras de visitantes na ordem dos 7%, segundo a VisaVue Travel Data. As repercussões deste acontecimento vão continuar.
Na América do Norte houve uma grande realização de reuniões e eventos, a ponto de em certas alturas do ano se tornar complicado encontrar um espaço. As cotações aumentaram nas cidades americanas onde a procura foi mais forte. No entanto, este otimismo vai ser mais moderado em 2013, segundo o IBTM Global Research. Na Austrália, o último relatório da BECA (Business Events Council of Australia) mostra que 2012 foi um ano de fortalecimento desta indústria em termos do número de visitantes e gastos. No entanto, ficou marcado por um decréscimo do apoio do Estado aos Convention Bureaux em 28%.
China e África também são promissores. Na primeira, apesar da expansão econômica estar a um ritmo mais reduzido, a Meetings Industry na China continua a sua escalada de sucesso. Os orçamentos aumentam e a oferta em termos de destinos chineses cresce. Segundo o The Economist nos últimos dez anos seis das economias que cresceram mais rapidamente no mundo foram na África subsariana: Angola, Nigéria, Etiópia, Moçambique e Ruanda. Agricultura, Telecomunicações, Mobile Banking e Saúde são setores cujo crescimento vai ser acentuado.
Setores da indústria
Os mais prejudicados foram os Corporativos, em muitas regiões do mundo, pelos baixos índices de confiança nas perspectivas econômicas. Na Europa, as empresas deixaram de fazer investimentos, não por falta de dinheiro, mas por receio de gastar. “Continua a ser difícil prever o que vai acontecer nos próximos tempos, e isso pode condicionar o agendamento dos eventos”, diz ele.
A falta de confiança não é exclusiva da Europa. Segundo o Financial Times, mais impostos e cortes na despesa do governo faz com que os executivos nos Estados Unidos tenham os mesmos receios. Por isto mesmo, os Eventos e Reuniões Públicos/Governamentais, em ambos, sofreram cortes. Por exemplo, o impacto negativo em Washington tem sido assinalável.
No Associativo, a situação revela-se mais favorável do que na vertente corporativo, mas também mostra alguns sinais de dificuldade. O inquérito da Global Association Conference Market diz que as receitas de patrocínio vão manter-se ou diminuir. As duas tendências têm a ver com orçamentos, a captação e a distribuição de conteúdo. Os orçamentos vão continuar a ser altamente negociados. Em relação à tecnologia, ela vai permitir o aumento do ciclo de vida dos eventos, chegando a mais pessoas. Esta pode ser também uma fonte de receitas sustentável para as associações.
Segundo o relatório da AIPC (International Association of Congress Centres), 44% dos seus membros prevê que a recuperação seja fraca, ou não existente. Já 67% afirma que agora dá mais subvenções e ofertas para manter os clientes satisfeitos, e 80% considera que os organizadores de eventos são mais agressivos na hora de negociar.
Finalmente, em relação às viagens de Incentivos o Advito Industry Forecast sublinhou que houve mais reservas em 2012 do que no ano anterior, com muitas empresas reconhecendo como uma forma mais interessante de recompensar os trabalhadores. O estudo mostrou que companhias americanas consideravam mais a hipótese de destinos longínquos.
Porém, o relatório da Incentive Research Foundation é mais pessimista e aponta que os clientes escolhem destinos mais próximos, ou mesmo domésticos. Em termos de orçamentos, 48% dos inquiridos neste estudo acredita que se vão manter, 21% diminuir, enquanto que 31% acredita que os orçamentos para incentivos vão aumentar.