Entidade quer Centro de Convenções em Londrina até 2013
[Por Folha Web, 11/02/2012]
Londrina está quase perdendo a oportunidade de sediar em 2016 o Congresso Mundial de Citricultura. A cidade havia sido escolhida como sede há quatro anos, mas até hoje não viabilizou um local adequado para receber os dois mil delegados que vêm dos quatro cantos do planeta.
Para evitar esse tipo de problema, o Londrina Convention & Visitors Bureau quer urgentemente contratar uma empresa para realizar o estudo de viabilidade de um Centro de Convenções para a cidade. ”Fizemos orçamentos com várias empresas no Brasil e no exterior e os valores variam de R$ 60 mil a R$ 280 mil”, explica o gestor do Londrina Convention, Diego Menão.
A entidade tem uma meta ambiciosa: escolher a empresa, fazer o estudo de viabilidade ainda no primeiro semestre deste ano e ter a obra pronta até o final de 2013. ”Precisamos de um centro versátil, modular, para eventos grandes e pequenos, com salas para congressos e pavilhão para exposição”, conta.
O gestor diz que o estudo será bancado pela iniciativa privada. ”Temos entidades comprometidas como a Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), a Abrasel (Associação de Bares e Restaurantes), o Londrina Convention e várias outras”, garante.
O custo estimado da obra só será conhecido após o estudo de viabilidade. No entanto, ele acredita que irá ultrapassar os R$ 5 milhões. A ideia é buscar investidores interessados no empreendimento.
Segundo o gestor, com um bom Centro de Convenções, a cidade entraria no clube dos 10 principais destinos de turismo de eventos do País. Atualmente, Londrina compete nesta área com municípios como Uberlândia (MG), Goiânia (GO), Joivinville e Florianópolis (SC), e Ribeirão Preto (SP). Dessas, somente a última ainda não tem local apropriado para abrigar grandes eventos, mas, de acordo com ele, está construindo.
O empresário Bruno Veronesi, da Veronesi Hotelaria, diz que o setor hoteleiro irá contribuir para a contratação do estudo de viabilidade. ”É de interesse direto dos hotéis, bem como de todo o comércio”, afirma. Ele ressalta que os eventos movimentam 52 segmentos da economia. ”São restaurantes, bares, farmácias, táxis e muitos outros”, explica Veronesi.
Com seus 6,6 mil leitos de hotéis, o empresário garante que a cidade está preparada para receber eventos maiores. Proporcionalmente, Londrina tem uma das maiores redes hoteleiras do País. Só como exemplo, há um leito para cada grupo de 73 habitantes. Em Curitiba, esta relação é de um leito para 104 habitantes e, em Maringá, um para 116. São Paulo e Rio de Janeiro têm um leito para 177 e 189 habitantes, respectivamente. ”Temos hotéis e leitos suficientes. Falta um centro de convenções para atrair os eventos”, salienta.
Lamento
Embaixador do Congresso Mundial de Citricultura, o pesquisador do Iapar, Eduardo Fermino, lamenta a transferência do evento para outra cidade. ”O Congresso é parecido com uma Olimpíada. A sede é escolhida com 8 anos de antecedência para dar tempo de preparar tudo. Mas quatro anos depois da escolha de Londrina, ainda não temos um local adequado. Quem perde é a cidade”, ressalta.
Questionado se ainda existe a possibilidade de o Congresso ser mantido em Londrina, ele responde: ”Só se você me garantisse que o Centro de Convenções estará pronto até o fim deste ano. Como isso não vai acontecer…”
Potencial da cidade é ‘muito bom’
Para o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos no Paraná (Abeoc-PR), Rubens Dobranski, o potencial de Londrina para abrigar eventos é ”muito bom”. Mas depende de alguns fatores. Além do Centro de Convenções, é preciso melhorar a infraestrutura aeroportuária. ”Sem um aeroporto equipado e com boa quantidade de voos não será possível”, ressalta.
Quanto ao Centro de Convenções, segundo Dobranski, ele precisa ter entre 6 e 10 salas modulares e uma área de exposição de 2,5 mil metros quadrados coberta e climatizada. ”A maior parte dos eventos científicos carrega junto feiras temáticas dos patrocinadores”, salienta.
Ele não quis estimar o custo da obra. Disse apenas ser ”muito alto”. ”Só as divisórias das salas, que tem preparação acústica, custam uma fortuna”, afirma. Segundo ele, o modelo do Centro de Convenções de Florianópolis seria o mais adequado para Londrina. ”Pode ser 20% ou 30% menor”, recomenda.
O fato de estar no Interior, de acordo com o presidente da Abeoc, não atrapalha Londrina. ”Menos trânsito e menos custo podem favorecer a cidade”, avalia. Dobranski diz que o custo menor ajuda Curitiba na disputa por evento com São Paulo e Rio de Janeiro. ”Eu pago R$ 400 mil para alugar um Centro de Convenções em São Paulo e R$ 120 mil em Curitiba”, resssalta.
De acordo com ele, o ideal é que uma obra do tipo seja feita com alguma parceria entre a iniciativa privada e o Poder Público. ”Quando alguém vai num Congresso, ele paga 90% de suas despesas com Nota Fiscal. Quem vai ganhar com isso? É o Município e o Estado”, argumenta.
Imobiliarista desiste de obra no Marco Zero
O imobiliarista Raul Fulgêncio desistiu de construir o Centro de Convenções com capacidade para 3 mil pessoas no Complexo Marco Zero (zona leste). Ele afirmou não ter se sentido seguro de haver demanda para uma obra do porte em Londrina. ”Pelo que percebi, são três ou quatro congressos que poderíamos disputar”, disse.
Fulgêncio pontuou que quando o Mercado Palhano foi projetado, havia a intenção de construir um pequeno auditório no local. ”Mas vi que as pessoas não queriam pagar para alugar. Querem fazer de graça no auditório do IBC.”
Ele também apontou falta de integração de lideranças locais para viabilizar o empreendimento. ”A Prefeitura não precisa colocar dinheiro, mas tem de liderar esse movimento.” (N.B.)