“Nossas organizações são o resultado do pensamento que estamos adotando”
Além dos assuntos comuns em uma Assembleia Geral, o encontro da ABEOC contou com a participação motivadora e instigante de Dulce Magalhães. Para falar sobre “Gestão de Eventos em Tempo de Grandes Mudanças”, a doutora pela Universidade Columbia (USA) e experiente palestrante começou conceituando “paradigma”, apresentou as cinco qualidades de um aprendiz, analisou os ciclos de gestão ao longo da história para chegar até os “três princípios educacionais para organização de eventos”.
“Paradigma é a fôrma que recebemos no processo de formação para enxergar a realidade”, define Dulce. Quando bebês, todos tínhamos plenamente as cinco qualidades do aprendiz, que fomos aos poucos perdendo: Abertura para o novo; Interesse pelo mundo; curiosidade para investigar, ausência de preconceito e ausência de julgamento. Segundo a palestrante, a educação nos permite pensar livre de padrões, e o processo de pensar diferente pode ser chamado de criatividade.
Como “não vemos as coisas como são, mas como somos”, e “consideramos o que pensamos como verdade”, existe dificuldade para a construção coletiva de novas realidades e vivemos na cultura do conflito.
Processos de Gestão
Feita esta introdução, Dulce Magalhães apresentou os ciclos de gestão dominantes ao longo da história. No final do século XIX e início do século XX, a gestão era uma questão de engenharia, dada a importância dos processos no início da revolução industrial. Os anos 30 e 40 foram a “era dos advogados”, pois crescia a necessidade de se enquadrar os processos no marco legal. Na década de 50, com o surgimento do mercado de capitais e a recuperação do pós-guerra, o mundo vivia a “era dos contabilistas”, e as as empresas eram primordialmente geridas por números. A partir dos anos 60 e 70, inicia-se a “era da complexidade”, com a fase dos administradores (para gestionar o complexo) , e posteriormente na década de 80 a “era dos psicólogos”, quando começou-se a perceber a importância de fazer as pessoas trabalharem melhor e serem mais produtivas.
Na década de 90, com o aumento da competitividade, inicia-se a “era dos educadores nas organizações”, com a busca de diferenciação através da aprendizagem. Segundo Dulce, atualmente a tendência é que estejamos na era dos filósofos, dada a importância de entender a realidade complexa. Ela enfatiza que estas fases são camadas, uma não substitui a outra, e ainda hoje temos empresas “de engenheiros, de advogados” etc.
Mudanças
“Em que ponto estamos, como pessoas, empresas, instituições?”, pergunta Dulce. “O resultado de nossas organizações é o resultado do pensamento que estamos adotando”, destaca. A educação é a ferramenta que pode orientar a mudança, mas é imprescindível mudar ações para mudar os resultados. “É preciso alinhar o que queremos com o que fazemos”, esclarece a educadora.
Para trabalhar a mudança na organização de eventos, Dulce Magalhães indicou o que chama de “três princípios educacionais para organização de eventos”. O primeiro é “eventos são o horário nobre das organizações”, ou seja, precisam ter relevância e impacto. O segundo princípio salienta que “um evento precisa ser um exemplo do que propõe transmitir”. Em um evento cujo objetivo é estimular o empreendedorismo, por exemplo, os participantes precisam empreender, ao contrário de serem ouvintes passivos. Os eventos devem oferecer experiências no sentido dos valores que pretendem desenvolver.
“Um evento precisa gerar mudanças”, é o terceiro princípio. “Fazer uma convenção e não mudar nada não dá, é esquizofrenia”, afirma Dulce. Educação e trabalho são o caminho para transformar ideias em ações. No entanto, “a consciência não dá saltos”, alerta. “Primeiramente, nós adquirimos expertise, e depois é preciso adquirir a linguagem adequada para que a mensagem seja apreendida”.
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Estimados da ABEOC, parabéns pela iniciativa em ter a Dulce Magalhães a faze-los refletir o momento que nos encontramos em relação aos eventos.
Cabe pontuar que as mudanças globais, culturais e de novos horizontes incertos nos fazem ser, além de criativos ainda mais determinados para termos nosso lugar ao sol e contribuir para as empresas, entidades e paises.
Mando meu fraterno abraço a todos e os espero cá em Lisboa.
Tânia Trevisan
Directora da Besttool Events
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